São Paulo, domingo, 1 de junho de 1997
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"Videoteca" terá filme com Oscar

"O Piano" é próximo lançamento da coleção

DA REDAÇÃO

Jane Campion começou a se destacar internacionalmente com "Um Anjo em Minha Mesa" (1990), mas foi em "O Piano" -terceiro volume da "Videoteca Folha" a sair no próximo domingo- que se consagrou a diretora.
"O Piano" ganhou a Palma de Ouro em Cannes, em 1993. Foi a primeira vez que um filme dirigido por uma mulher ganhou o mais importante festival do mundo.
Holly Hunter levou o Oscar de melhor atriz naquele ano por sua interpretação de Ada McGrath, a jovem viúva muda que, na Nova Zelândia, século 19, casa-se com um fazendeiro a quem nunca havia encontrado antes (Sam Neill).
O filme ganhou ainda o Oscar de melhor roteiro original (Jane Campion) e melhor atriz coadjuvante (Anna Paquin) e foi indicado nas categorias melhor filme, direção, fotografia, montagem e figurinos.
Essas premiações são ainda mais significativas quando se lembra que consagraram um filme de uma cinematografia com pequena tradição (a da Nova Zelândia).
Elas se devem em boa parte à sensibilidade com que Campion trabalhou os elementos de seu quarto longa-metragem.
Ela conta ali uma história de triângulo amoroso mediada por um piano.
O objeto tem importância especial para Ada -que é muda, mas não surda: a música é seu modo de expressão, de contato com o mundo.
O marido recusa-se a levar o piano para a nova casa. Quem se dispõe a fazê-lo é George Baines (Harvey Keitel), também interessado em que ela o ensine a tocar.
Para Campion, a mudez, mais do que uma deficiência pessoal, significa a impossibilidade da mulher de expressar-se pela palavra.
A música torna-se, assim, um derivativo, uma maneira de driblar a opressão de um universo masculino e fechado à compreensão da feminilidade.
Por fim, não há gratuidade na ambientação do filme numa Nova Zelândia ainda em fase de colonização: a rusticidade do local compõe o quadro ideal para Campion desenvolver seu tema.

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