São Paulo, domingo, 1 de junho de 1997
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Arte traz prazer e lucro para executivos

CLAUDIA GONÇALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

Além de funcionar como válvula de escape para o estresse da vida profissional, alguns hobbies também podem se transformar numa segunda fonte de renda.
Prova disso são alguns dos 36 executivos-artistas do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) que participam da 14ª Expoarte, inaugurada na terça-feira passada na Galeria do Espaço BNDES, no Rio de Janeiro.
Apesar de se dedicarem às artes plásticas por mero prazer, eles acabaram unindo o útil ao rentável e são um sucesso de vendas entre colegas, amigos e parentes.
"Parcelo meus quadros em até dez vezes, sem juros ou correção. Procuro facilitar para que as pessoas tenham acesso à arte", diz o economista Frederico Kautz, que adotou "Zutka" (anagrama de Kautz) como nome artístico.
Zutka cobra, em média, R$ 1.500 daqueles que desejem pendurar uma de suas obras "um tanto surrealistas" na sala de casa.
O artista -que já fez três exposições individuais na Alemanha- mostra uma série de telas com mulheres de salto alto nesta Expoarte.
Outro que saiu lucrando com o passatempo criativo foi o publicitário Carlos Barroso, cujas instalações fotográficas geralmente retratam as relações humanas.
Fã de Man Ray e Geraldo Barros, Barroso já ganhou, em concursos disputados nos últimos três anos, um Uno Mille e uma TV em cores -a qual acabou vendendo.
"Além disso, também consegui patrocínio integral para algumas das 17 exposições que já realizei", diz o fotógrafo.
Reconhecimentos menos "materiais" à sua obra foram a medalha de ouro que recebeu pelo trabalho exposto na 13ª Expoarte e o convite para expor em Lisboa, no próximo mês de outubro.
"Minha mulher até reclama, pois na minha casa não há um quadro meu na parede. Vendo todos", diz outro participante da Expoarte, o autodidata e admirador do estilo na‹f Nelson C.D. (abreviatura de Cruz Dias).
Mesmo gostando de suas ocupações atuais no BNDES, a maioria desses artistas de fim-de-semana sonha com o dia da aposentadoria para poder se dedicar em tempo integral à veia artística.
"Estou doido para viver só de pintura. Mesmo porque, gosto de fazer cursos para me aprimorar, e eles geralmente só acontecem pela manhã ou à tarde", afirma Hollanda, que cobra até R$ 400 por obra.
Já Barroso pretende entrar na fotografia publicitária para reforçar seu orçamento de aposentado.

14ª Expoarte - Galeria do Espaço BNDES: av. Chile, 100, piso térreo, tel. (021) 277-7101. De 27 de maio a 24 de junho, de segunda a sexta-feira, das 9h às 19h.

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