São Paulo, segunda-feira, 2 de junho de 1997
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Prefeitura de S. Paulo quer devolver área

Terreno justificou emissão de R$ 45 mi

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Prefeitura de São Paulo quer devolver ao antigo proprietário um terreno de 160.000 m², para o qual já havia emitido R$ 45 milhões em títulos públicos. Esse dinheiro pagaria os precatórios (dívida judicial) relativos a uma desapropriação de 1986.
O terreno, em Vila Guilherme, na zona norte, pertencia à Sociedade Paulista de Trote e é objeto de um imbróglio jurídico que pode ser desatado amanhã pelo Tribunal de Justiça do Estado.
O secretário municipal das Finanças, José Antônio de Freitas, disse à Folha que havia efetivamente essa dívida da prefeitura e que o Senado autorizou, para seu pagamento, a emissão de títulos.
Mas, segundo ele, esses títulos não chegaram a ser repassados para corretoras ou investidores. Permanecem no Banco do Brasil.
A desapropriação foi proposta ao então prefeito Jânio Quadros por seu líder na Câmara, Gabriel Ortega. Na gestão Luiza Erundina (PT), o terreno virou parque municipal. Ortega argumenta hoje que, mais que um litígio entre poder público e um ex-dono, não dá para apagar um parque público do mapa urbano sem que antes se mude a lei, o que não ocorreu.
Isso levou a juíza da 8ª Vara da Fazenda Municipal, Silvia Meirelles, à sentença que condenou a prefeitura a ir adiante com a desapropriação. A prefeitura recorreu e o processo subiu para a segunda instância, onde 2 dos 3 desembargadores já se pronunciaram.
O advogado da Sociedade Paulista de Trote, João Buonaduce, diz que não poderia aceitar a devolução sem que uma lei municipal assim autorizasse o prefeito.
O presidente da sociedade, José Roberto Vianna Cardoso, diz que, às vésperas de passar a administração para Maluf, Erundina efetuou em juízo um depósito do equivalente hoje a US$ 200 mil (valor 200 vezes menor que o do terreno).
Em agosto de 1995, a sociedade propôs abatimento de 10% e parcelamento da dívida. Veio, então, a contraproposta da devolução. O lance seguinte ocorreu há três semanas. Se a devolução for autorizada, a antiga proprietária quer R$ 15 milhões de indenização.

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