São Paulo, segunda-feira, 2 de junho de 1997
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Pedagoga diz que sofreu preconceito de vizinha

FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO

O crescente poder de consumo da "classe média negra emergente" não impede histórias de preconceito em shopping centers, condomínios, clubes etc.
A pedagoga negra Iolanda de Oliveira protestou quando, no elevador social de seu prédio, o cachorro que a vizinha carregava no colo lambeu seu rosto. A vizinha respondeu: "É a cor da sua pele que atrai o cão".
Na saída do elevador, a vizinha perguntou ao porteiro quem era "aquela crioula" e disse que a princesa Isabel (que aboliu os escravos) era "a culpada de tudo".
Iolanda levou o caso à delegacia e ao Ceap (Centro de Apoio a Populações Marginalizadas). O advogado da entidade, Sérgio Martins, diz que casos assim podem render ações por injúria e danos morais.
Já o economista negro aposentado Euvaldo Ferreira, 57, afirma que é comum ter o cheque ou o cartão de crédito recusado em lojas, "sem motivo justificável".
"Um dia meu filho, que tem um Vectra (carro da GM), foi parado pela polícia e revistado. Estava tudo certo, mas o PM dizer ao colega: crioulo dirigindo Vectra tem que parar mesmo", diz Ferreira.
(FE)

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