São Paulo, segunda-feira, 2 de junho de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Brasileiros vendem mais

FERNANDO PAULINO NETO
DA SUCURSAL DO RIO

O Brasil é um caso raro no mercado musical. É um dos poucos países do mundo onde os artistas nacionais vendem mais do que os anglo-saxões (norte-americanos e ingleses).
Além do Brasil, apenas o Japão está neste caso, segundo o diretor de vendas da BMG/Ariola, Eduardo Oliveira.
"Há 20 anos, essa proporção era inversa", diz João Araújo, presidente da Som Livre.
São duas as razões para esse fenômeno, segundo executivos das produtoras de disco.
Uma é o fato de as gravadoras poderem utilizar 70% do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) no pagamento de músicos para produzir discos de artistas nacionais. Segundo o presidente da ABPD (Associação Brasileira de Produtores de Discos), Manolo Camero, esse valor pode chegar a R$ 70 milhões anuais.
Outra é o aumento do poder aquisitivo das pessoas de classe C e D no país com o Plano Real, que incluiu cerca de 30 milhões de consumidores e fez crescer a indústria fonográfica.
Aliado a isso, há o fato de que praticamente todo o catálogo das gravadoras com discos em vinil foi relançado em CD.
Oliveira e Araújo concordam em uma outra razão, de menor peso. Segundo eles, norte-americanos e ingleses estão vivendo, no momento, uma crise de criatividade.
Segundo Araújo, antes do incentivo do ICMS, era mais negócio para as gravadoras lançarem autores estrangeiros e deixar para investir no brasileiro que já era sucesso garantido.
"A música estrangeira chega com custo zero. Com o incentivo, as gravadoras puderam arriscar mais e lançar novos grupos", disse ele.
No entanto, ele credita o fato mais ao aquecimento do mercado do que ao ICMS.
Camero estima, ressalvando que não há estatísticas oficiais, que o samba significa 15% da produção total e a música da Bahia, 10%.
O resto do mercado está assim dividido, segundo Camero: baladas românticas, 25%; sertanejo, 15%; MPB, 7%; rock nacional, 7%; e compilações.
Sexto mercado mundial de discos, com 4% das vendas de todo o planeta -um faturamento de US$ 874,25 milhões no ano passado e vendas de 94,8 milhões de unidades (CDs, cassete e vinil)-, o Brasil vai ser a sede, entre 29 e 31 de julho, no Riocentro, em Jacarepaguá, zona oeste do Rio, da CDExpo, uma feira de discos especializada no mercado latino-americano.

Texto Anterior: Brasil sedia festival de interação latina
Próximo Texto: Daniel Binelli rende-se ao mito Piazzolla
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.