São Paulo, segunda-feira, 2 de junho de 1997 |
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Diferenças que igualam
JOSIAS DE SOUZA São Paulo - Imagine um debate hoje na TV entre os favoritos à corrida presidencial. Seria no mínimo curioso. Experimente-se uma simulação.O mediador começa: - Conforme o sorteio, o candidato Maluf fala primeiro. - Serei brevíssimo. Serjão e Roberto Teixeira. Silêncio de cemitério. Lula e FHC se entreolham intrigados. O mediador estranha: - Candidato Maluf, o sr. dispõe de três minutos. - Não preciso de tanto tempo, meu querido. Serjão e Robertão. Lula, língua entre os dentes, eleva a voz: - Isso é provocação. O mediador insiste: - Candidato Maluf, o sr. não gostaria de se explicar melhor? - Meu querido, não sou eu quem deve explicações. Serjão e Roberto Teixeira. Lula salta da cadeira: - É nome o que você quer? Então toma lá: Calim Eid, Calim Eid. FHC suspira, em tom professoral: - Senhores, respeitemos o telespectador. Devemos discutir propostas. Vou dar sequência às reformas. O real, os cinco dedos... Maluf rouba a palavra: - Sim, claro, os cinco: Ronivon, João Maia, Zila, Chicão, Osmir... FHC abre os braços para o teto: - É demais! Sou candidato a presidente, não a redator de certidão de nascimento! Maluf não se dá por achado: - Amazonino, Orleir Cameli... Lula se entrega ao jogo: - Pitta, precatórios. E Maluf, com boca de nojo: - Paulo de Tarso, Cpem. Segue-se intenso bate-boca. A sobreposição de vozes torna o debate incompreensível. À saída do estúdio, Maluf cochicha para Duda Mendonça: - Eles ainda têm a pele fina de debutante. Mas logo terão costados de tartaruga, como o meu. Entraram para o clube. Texto Anterior: "AMEAÇA ISLÂMICA" Próximo Texto: Governo na moita Índice |
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