São Paulo, quarta-feira, 4 de junho de 1997
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Fita pode comprometer Amazonino

DA AGÊNCIA FOLHA EM MANAUS

O deputado federal Luiz Fernando Nicolau (PSDB-AM) afirmou ontem que o empresário Fernando Bonfim disse a ele que possui uma fita cassete na qual o governador Amazonino Mendes (PFL) admite ter recebido 40% de propina na compra de 13 geradores de energia elétrica.
Bonfim tem se apresentado como testa-de-ferro do governador amazonense.
Nicolau, que falou à Agência Folha por telefone, de Brasília, afirmou que Bonfim lhe disse também ter enviado cópias das gravações, por correio expresso, para os presidentes da República, Fernando Henrique Cardoso, e do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA). Não informou quando.
Medo de morrer
O deputado disse não ter ouvido a fita nem saber onde está Bonfim. Afirmou que o empresário tem medo de morrer e não revela o local onde está escondido, possivelmente na capital paulista.
Na semana passada, ele denunciou a existência de uma outra fita, na qual o filho do governador Amazonino Mendes dizia ser o verdadeiro dono da empreiteira Econcel, que recebeu obras no valor de R$ 34,7 milhões do governo.
Ontem, Bonfim passou a ser procurado pela Polícia Federal por requisição do procurador da República no Amazonas Sérgio Medeiros, responsável pelas investigações das denúncias da compra de equipamentos superfaturados.
Segundo Nicolau, os 13 geradores foram comprados por R$ 29 milhões, com um superfaturamento de 363%, pela Ceam (Companhia Energética do Amazonas).
Na época, a Ceam era presidida por Bonfim, que também possuía 70% das ações da Econcel, segundo ele afirmou. R$ 20 milhões do valor do equipamento teriam sido pagos pela Suframa (órgão do governo federal, que repassou o dinheiro para o governo).
"Os indícios de superfaturamento são muito fortes no caso dos geradores. Tenho de ouvir o Fernando Bonfim e as fitas que ele diz possuir para denunciar ou não os responsáveis", disse Medeiros.
Duas licitações
Documentos obtidos pela Agência Folha apontam que aconteceram duas licitações para a compra dos equipamentos.
Na primeira, cancelada, o dinheiro repassado pela Suframa ao governo Amazonino já era muito superior ao necessário para a compra dos 13 geradores. Na segunda licitação, que estaria em vigor, o preço subiu cerca de R$ 9 milhões.
Até as 18h, em Manaus (19h em Brasília), o governador não havia atendido a reportagem.

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