São Paulo, quarta-feira, 4 de junho de 1997 |
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Brasil pode emitir até US$ 3 bi em bônus
JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
O anúncio oficial será feito somente hoje pelo diretor do Banco Central, Gustavo Franco. A taxa de juros do "global", conhecido como Brasil-27, deve ficar entre 3,70 pontos percentuais e 3,90 pontos percentuais acima do que paga o título norte-americano de 30 anos. Esse juro ficará bem abaixo dos hoje pagos pelos títulos da dívida externa. O C-Bond, por exemplo, fechou ontem pagando 4,31 pontos percentuais. Ou seja, na avaliação do mercado internacional o chamado "risco Brasil" é palatável e está caindo. Muitas das propostas entregues pelos bancos são só de compra do "global" e não de troca dos títulos atuais pelo novo -como quer o governo, que limitou a 25% da emissão a possibilidade de pagamento em dinheiro. É que o preço fixado para a troca não favorece os bancos. O preço fixado pelo C-Bond, por exemplo, foi de US$ 77,9 e ele foi cotado ontem no mercado a US$ 79,5. A troca dos títulos velhos pelo "global" libera para o governo títulos comprados do governo norte-americano, que serviam de garantia para os títulos brasileiros (o chamado colateral). Segundo cálculos do mercado, para cada US$ 1 bilhão do "global", o governo consegue liberar US$ 250 milhões em colaterais. Liras O governo brasileiro lançou ontem, pela primeira vez, bônus com prazo de resgate de 20 anos para abatimento da dívida mobiliária interna (em títulos). A emissão de 500 bilhões em liras italianas (US$ 294 milhões) foi feita em Londres. Os papéis poderão ser comprados em toda a Europa, mas atingirão principalmente a Suíça, segundo o chefe do Departamento de Capitais Estrangeiros do Banco Central, Fernando Gomes. O juro que será pago ao investidor que apostar nos bônus brasileiros é de 11% ao ano, o que significa um rendimento de 3,48% base acima dos títulos do Tesouro norte-americano com mesmo prazo. As condições de lançamento dos bônus de 20 anos foram as mesmas utilizadas pelo México há um mês, segundo Gomes. A procura pelos papéis foi considerada boa. Isso significa maior confiança no país por parte dos investidores, porque o Brasil possui uma classificação de risco bem pior que a do México, segundo Gomes. Classificação de risco As empresas internacionais de rating dão nota BB negativo para o Brasil e BB positivo para o México. Gomes acredita que até o final deste ano vá ocorrer uma mudança positiva na classificação de risco do Brasil. "O risco Brasil -avaliação feita pelos investidores quanto à capacidade do país de cumprir seus compromissos- não assusta mais", afirmou. A expectativa do BC é que 70% dos papéis sejam colocados no varejo e os 30% restantes entre investidores institucionais. Os recursos devem ingressar em 26 de junho. Com essa operação, o BC traz dólares para país e entrega ao Tesouro Nacional, que resgata títulos internos com prazo menor e taxas de juros mais altas. O Brasil alonga o prazo de sua dívida e paga taxas mais baixas no exterior. O Brasil já emitiu bônus para resgate da dívida interna com prazos de dois, três, cinco, dez e, agora, 20 anos. As colocações começaram em junho de 1995 e já alcançaram US$ 4,370 bilhões. O Senado autorizou o BC a lançar US$ 5 bilhões para abatimento da dívida interna. Desde o início do Programa de Emissão, o papel lançado com maior prazo era o bônus em marcos alemães (dez anos), emissão realizada em fevereiro de 1996. Colaborou a Sucursal de Brasília Texto Anterior: Fábricas investem para elevar produção Próximo Texto: Acesita fecha plano de investimentos em 97 Índice |
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