São Paulo, segunda-feira, 9 de junho de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Contratos de amigo de Covas sobem 566%

EMANUEL NERI
DA REPORTAGEM LOCAL

Em três anos do governo Mário Covas, as empresas Tejofran e Power -prestadoras de serviços que pertencem a Antônio Dias Felipe, financiador de campanha, amigo e compadre do governador- assinaram contratos com o Estado no valor de R$ 151,7 milhões.
A maior parte deles -que representam valores de R$ 133,8 milhões- foi firmada no ano passado. Comparado aos contratos das mesmas empresas em 1994, último ano do governo Luiz Antonio Fleury Filho (PMDB), o crescimento desses valores é de 566%.
Em 94, quando Covas (PSDB) ainda disputava o governo paulista, os contratos de prestação de serviço da Tejofran e da Power com o governo do Estado chegaram a R$ 20,1 milhões. Esses números foram levantados pela Folha junto ao TCE (Tribunal de Contas do Estado).
Tantos os números do governo Fleury como os da administração Covas referem-se a valores comprometidos nesses contratos. Não significa que o Tesouro já tenha desembolsado tais valores. Há contratos com durações mais longas, de um ou mais anos.
Antônio Dias Felipe é amigo de Covas há mais de 20 anos. Dados comparativos mostram o peso dos valores dos contratos. Eles superam os orçamentos de 97 de seis secretarias, considerados isoladamente. A Secretaria da Cultura, por exemplo, deve gastar R$ 148,2 milhões -quase R$ 3 milhões a menos do que o valor comprometido com as empresas de Felipe.
Baneser
Outra comparação do valor desses contratos pode ser feita com os gastos que o governo paulista tinha com o Baneser, empresa especializada em prestação de serviços que Covas praticamente fechou no início de seu governo.
Cabide de empregos de administrações anteriores, o Baneser pagava de salários o equivalente a R$ 18,5 milhões em novembro de 94, penúltimo mês do governo Fleury. Seus 21 mil funcionários foram reduzidos para apenas 2.700 pelo atual governo.
Os contratos nos outros anos do atual governo com Tejofran e Power são bem menos significativos quando comparados aos R$ 133,8 milhões de 96. Em 95, esses contratos chegaram a R$ 12,7 milhões; em 97, foram de R$ 5,2 milhões.
No caso de 97, os dados do TCE referem-se apenas aos contratos dos primeiros meses do ano. Isso significa que esses números devem continuar crescendo. Em 95, primeiro ano de seu governo, Covas teve que reduzir gastos e adiar contratos para o ano seguinte.
Ao todo, 19 contratos foram assinados entre o governo paulista e as empresas do amigo do governador. Dois deles não foram submetidos a licitações -um da Tejofran, de R$ 6,6 milhões, e outro da Power, de R$ 3,3 milhões.

Texto Anterior: Simon diz que PFL assume o comando do governo FHC
Próximo Texto: 'Não há vícios nas licitações'
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.