São Paulo, segunda-feira, 9 de junho de 1997
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Público enfrenta o medo e lota shopping no fim-de-semana

FABIO SCHIVARTCHE
DA REPORTAGEM LOCAL

Lojas cheias, lanchonetes com imensas filas e milhares de consumidores comprando presentes para o Dia dos Namorados.
Um ano após o acidente que projetou a cidade de Osasco para o país, o público enfrentou o medo e lotou o Osasco Plaza Shopping neste final de semana.
O estudante Diogo Gregório Cordeiro, 15, foi com a namorada, Sônia Regina de Góes, 17, ao shopping no sábado, mas não parava de olhar para o teto. "Tenho medo que tudo despenque."
Ele tem motivos para ter receio de entrar no shopping. Seu irmão, Anderson Cordeiro, 16, estava na praça de alimentação no dia da explosão -sofreu profundos cortes nas costas e na cabeça.
A instrumentadora cirúrgica Elisath de Fátima Mamede, 20, que escapou do acidente por alguns segundos, adiantou as compras para evitar ir ao shopping no dia 11 -quando o acidente faz um ano.
"Hoje ainda consigo entrar aqui, mas não vou ter coragem de entrar no dia 11", disse Mamede, que entrava no shopping para almoçar quando ouviu a explosão.
Nos últimos onze meses a bancária Suzy Telles, 25, evitou voltar ao shopping. Ela escapou do acidente porque, no dia, o sogro impediu que ela fosse almoçar na praça de alimentação. "Consegui voltar há uns dias, mas é melhor não ficar muito tempo para não arriscar."
Santo forte
Elisângela Amorim Silva, 18, balconista de uma butique do shopping, diz se benzer todos os dias antes de ir trabalhar.
No dia do acidente ela havia ido procurar emprego e estava almoçando a poucos metros do local da explosão. "Ouvi um barulhão e só vi uma fumaça. Havia muitas pessoas feridas e sangue pelo chão. Só me salvei porque tenho o santo forte", afirmou.
Menos sorte teve a balconista da loja Café do Ponto, Maria Leal, que se feriu durante a explosão.
"Fiquei presa embaixo da máquina de café. Os bombeiros tiveram de retirar muito entulho para fazer o resgate", afirmou.
Hoje, Leal diz não ter medo de trabalhar no shopping -"É o mais seguro do Brasil"-, mas não suporta barulhos fortes.
"Se estou em casa e acaba a luz ou cai alguma coisa no chão e faz barulho, fico arrepiada. É uma lembrança que eu nunca vou esquecer", diz.

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