São Paulo, segunda-feira, 9 de junho de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Risco é alto no seguro de automóveis

Despesas superam receitas

GABRIEL J. DE CARVALHO
DA REDAÇÃO

Operar com seguro de veículos no Brasil dá prejuízo, concordam Júlio Avelar, vice-presidente da Sul América e da Fenaseg (federação nacional das empresas do setor), e Antônio Penteado Mendonça, consultor de seguros.
A sinistralidade média no ramo de autos, que era de 60,7% em 1995, passou para 68,2% no ano passado, segundo a Susep.
Isso significa que, para cada R$ 100 de receita (prêmios), R$ 68,20 foram pagos como indenização de perdas parciais ou totais de veículos em batidas, roubos etc.
Como as despesas comerciais ficaram em 21,5% e as administrativas do setor, segundo Avelar, variam de 15% a 20%, o resultado supera 100% da receita em prêmios, o que significa prejuízo.
Dados da Susep (Superintendência de Seguros Privados) indicam que, em março passado, a sinistralidade com veículos alcançou 72,5%, e as despesas comerciais, 20,2%. Com despesas administrativas de 20%, por exemplo, diz Avelar, chega-se a 112,7%.
Mesmo com resultados financeiros (aplicação das receitas) de 3% a 4%, tem-se prejuízo de uns 9%, afirma ele.
O consultor Penteado Mendonça, diretor do Centro do Comércio do Estado de São Paulo, atribui à frequência de roubos e batidas, principalmente em São Paulo, parte da responsabilidade pelo mau desempenho das seguradoras no ramo de autos.
Mas tanto ele quanto Avelar concordam que os custos de comercialização e administrativos no Brasil são muito altos. A tendência é que esses custos baixem, mas os resultados no setor são difíceis em todo o mundo, diz o vice-presidente da Sul América.
Segundo Penteado Mendonça, sinistralidade de 70% em veículos não é tão elevada para os padrões mundiais. Mas os custos de comercialização e administrativos lá fora, afirma o consultor, não passam de 20%, enquanto no Brasil superam 30%.
Na opinião de Avelar, as seguradoras estrangeiras estão entrando no mercado brasileiro para explorar seguro de vida com resgate e previdência privada, que mais se parecem com caderneta de poupança. Não se interessam, comenta, por ramos como incêndio, veículos ou carga.
Setores
Cruzando números de sinistralidade e despesas comerciais dos vários ramos, e considerando, segundo Penteado Mendonça, 17% como média para despesas administrativas, conclui-se que o pior desempenho das seguradoras é com riscos diversos (quebra de máquinas, por exemplo) e autos, e o melhor, com acidentes pessoais.
O DPVAT (seguro obrigatório de veículos) também apresenta resultado ruim, mas é um caso à parte, diz o corretor de seguros Daniel de Souza, pois 50% da receita é embolsada pelo sistema público de saúde.

Texto Anterior: A voz é dos municípios
Próximo Texto: Rio reduz índices críticos de roubo e furto
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.