São Paulo, segunda-feira, 9 de junho de 1997 |
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Fabricantes de cachaça querem vender para a elite
SHIRLEY EMERICK
As indústrias do setor organizaram o Programa Brasileiro de Desenvolvimento da Cachaça e querem criar uma política nacional da bebida. A estratégia é consolidar a venda do produto no mercado interno e aumentar as exportações. O coordenador de Inspeção Vegetal do Ministério da Agricultura, Ricardo Cavalcanti Júnior, disse que a idéia é associar a cachaça ao Brasil. Assim como os consumidores relacionam automaticamente a tequila ao México e o saquê ao Japão, os produtores querem vender a cachaça como a típica bebida brasileira. Para isso, eles pretendem investir primeiro na universalização do nome. A aguardente de cana e a pinga deverão ser conhecidos como cachaça. Ainda não há um consenso dos produtores em relação ao melhor nome. Como o produto é conhecido no mercado externo por cachaça, esse nome deve prevalecer. A polêmica é que, no Brasil, a cachaça tem conotação pejorativa e não é bem vista nas classes A e B. Segundo o coordenador de Inspeção Vegetal, o Brasil é o único país que produz a aguardente de cana. A França, por exemplo, produz um aguardente, mas de vinho. Preços diferenciados Para quebrar essa resistência, um dos planos é criar categorias de cachaças, com preços diferenciados. Essa foi a estratégia usada no México para aumentar as vendas da tequila. Os produtores irão criar também um fundo para fazer campanhas promocionais. A outra meta é formalizar os produtores informais do país. Segundo Ricardo Cavalcanti, existem 30 mil produtores brasileiros, mas 80% não são legalizados. O Brasil produz 2 bilhões de litros da bebida por ano e exporta apenas 0,25% da produção, arrecadando US$ 7 milhões com as vendas. Uísque Enquanto isso, a Escócia fabrica 1 bilhão de litros de uísque e vende 85% para o mercado externo e arrecada US$ 4 bilhões. O ministério está encarregado de produzir o certificado de origem, que é a forma de o consumidor internacional estar seguro da qualidade da bebida. Outra idéia é divulgar o produto nas festas e jantares das embaixadas e do Itamaraty. Eles pretendem também oferecer a bebida nos vôos internacionais. O programa está sendo coordenado pela Abrabe (Associação Brasileira de Bebidas), sindicatos estaduais de produtores, Sebrae, CNI (Confederação Nacional da Indústria) e Associação Mineira dos Produtores de Cachaça. Maior produtor Segundo Ricardo Cavalcanti, o Brasil é o maior produtor de destilados do mundo. A marca de cachaça que mais exporta é a Pitú, fabricada em Pernambuco. Minas Gerais é o Estado com o maior número de alambiques, mas a maior produção está localizada em São Paulo. Texto Anterior: Os novos valores nacionais Próximo Texto: Descobrindo um nicho de mídia Índice |
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