São Paulo, segunda-feira, 9 de junho de 1997
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Inferno e boas intenções

MARCELO CHERTO

No Estado norte-americano de Iowa, grupos capitaneados por gente que vê jacaré em baixo da cama tanto pressionaram que, em 1992, foi aprovada uma nova norma regulamentando o franchising naquele Estado.
Se a gente lê a tal lei, fica claro que quem a elaborou partiu do pressuposto de que todo franqueado é um pobre coitado (na verdadeira acepção do termo) e que todo franqueador é, até prova em contrário, um monstro, um sátiro, um sacripanta decidido a espoliar seus franqueados.
Os defensores dessa legislação se justificaram dizendo lutar em favor dos franqueados e do próprio sistema de franchising. Sem falar no consumidor, nos trabalhadores e demais grupos que essa gente "tão desinteressada" parece achar incapazes de tomar conta de si próprios.
Pois muito bem. A tal lei rígida de Iowa, que deveria defender o franqueado e o mercado, até agora produziu os seguintes efeitos, segundo a Coalização de Iowa pelo Franchising Responsável, uma ONG formada por mais de 500 franqueadores, franqueados, fornecedores, entidades empresariais, bancos e câmaras de comércio do Estado:
1) enquanto nos Estados vizinhos o crescimento do mercado de franchising chega a 22% ao ano, em Iowa não passa de 6% ao ano;
2) desde que a nova lei entrou em vigor, o Estado perdeu pelo menos US$ 226 milhões em arrecadação proveniente de franquias;
3) foram extintos 8.000 empregos diretos;
4) pelo menos 140 empresas franqueadoras, inclusive e principalmente as mais bem estruturadas, resolveram cessar ou reduzir consideravelmente a concessão de franquias a residentes;
5) indivíduos ou empresas que já são franqueados e que pretendem expandir seus negócios adquirindo novas franquias se viram privados da oportunidade de adquirir franquias para unidades adicionais.

Internet: www.franquia.com.br/cherto e-mail: marcelo.cherto@franquia.com.br

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