São Paulo, segunda-feira, 9 de junho de 1997
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Denílson e Flávio Conceição são titulares

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Bola rolando, e logo se revela mais um erro elementar da nossa defesa: além de se fixar em linha, marca a bola, não o jogador. Resultado: bola cruzada na área, gol de Del Piero. Não satisfeitos nesse mergulho no túnel do tempo, nossos craques recuaram ainda mais -ao jardim da infância, quando da cobrança de falta de Albertini que resultou no segundo gol italiano.
Já que é assim, o menino Denílson resolve pôr a bola-de-meia a seus pés até cavar o córner que, na sequência, permitiu a Roberto Carlos reduzir o tamanho do vexame.
Animado, o outro menino de ouro -Ronaldinho- começa a infernizar a zaga inimiga. Mas nossa área segue sendo um playground para o adversário, que aumenta de pênalti.
É quando, das trevas, nasce a luz, depois da entrada de Flávio no lugar de Mauro: as investidas de Denílson, os disparos de Roberto Carlos e o oportunismo da dupla Ro-Ro, e eis o Brasil empatando em 3 a 3.
Resumo da ópera: Denílson é titular, assim como Flávio Conceição. E a defesa...
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Taí a primeira seleção inglesa, desde os tempos de Bobby Charlton, que me agrada. Longe de ser um English Team que, proclamado, soe com a majestade vitoriana da época em que eles se julgavam tão superiores que não se dignavam a misturar-se com o resto numa Copa do Mundo. Isso, até levar aquela biaba histórica dos magiares (prefiro esta forma de chamar os húngaros, sugestiva da magia de seu futebol de então) do coronel Ferenc Puskaz em pleno templo do futebol, o vetusto Wembley, no início dos anos 50.
Mas suficientemente bom para justificar o título do Torneio da França. A Inglaterra que venceu a Itália por 2 a 0, no meio da semana, e a França, sábado, por 1 a 0, revela um futebol prático, solidário e rápido nos contragolpes feitos de toques transversais, sempre no sentido do gol inimigo. Quando de posse da bola, em posição de começar a construir a jogada, busca a troca de passes inteligentes -sem grande inventiva, é verdade-, abdicando da crônica rusticidade dos lançamentos aéreos que estigmatizaram esse futebol durante 4/5 de sua história.
O que, para os ingleses, representa um avanço milenar.
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Já a França, que há uns dois anos celebra o florescimento de uma geração de craques comparáveis aos dos tempos de Piantoni e Kopa, ou, mais tarde, de Platini, tem sido uma decepção. Repito: uma decepção, não uma catástrofe.
Afinal, jogou bem, tanto contra Brasil quanto contra a Inglaterra.
Falta-lhe, porém, aquela centelha que funde os talentos fragmentados num todo compacto e que incendeia, num momento único, a paixão do time e do torcedor.
"Trop froid", como diria um napolitano na galera de Lyon ao seu anfitrião francês.
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Túlio se vai. Deveria ter ido para o Cruzeiro, naquela encruzilhada que lhe armaram há pouco. Agora, só há um caminho: a da Serra do Mar. Na Vila, servido de bandeja por Vágner, Alessandro ou Alexandre, e, sobretudo, Muller, Túlio voltará a desfilar como rei de todas as áreas, creiam.

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