São Paulo, segunda-feira, 9 de junho de 1997
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EUROPA, 50 ANOS

Há 50 anos, começava a formar-se a União Européia. Quem criou as condições para seu desenvolvimento, porém, não foram os europeus, então sufocados por destroços e cadáveres, mas os EUA, por meio do Plano Marshall, anunciado em 1947 por George Marshall, então secretário de Estado norte-americano.
A economia européia estava arrasada pela guerra, que destruíra não apenas muito "capital humano", mas produzira escassez de matérias-primas e de divisas fortes. Aliás, os primeiros esquemas de coordenação entre os europeus surgiram da necessidade de poupar divisas, não de uma solidariedade abstrata.
Aliás, também não era simplesmente humanitária a inspiração dos EUA. Afinal, um fator que já no final da guerra pesava decisivamente na política internacional era a ameaça de expansão mundial do comunismo. Com o Plano Marshall, portanto, nascia a Guerra Fria, sobretudo porque, na França e na Itália, a força dos comunistas era grande e tendia a crescer com as agruras econômicas.
Há quem discuta se, do ponto de vista estritamente econômico, o apoio norte-americano era efetivamente necessário. Afinal, o crescimento viria e seria forte, com ou sem essa ajuda, uma vez pacificado o continente e reorganizada a máquina industrial. O fato é que, com a ajuda dos EUA, a Europa Ocidental viu sua produção industrial crescer mais de 70% entre 1948 e 1951.
Os EUA transferiram US$ 13 bilhões ou 1,5% do seu PIB ao longo de quatro anos. Já em 1950, os países europeus formavam um sistema próprio de pagamentos, o embrião do Sistema Monetário Europeu.
Hoje, a União Européia continua buscando uma unidade que, passada a euforia do pós-guerra, mostra-se mais difícil do que o esperado.
Desta vez, entretanto, não há inimigos nem amigos externos capazes de substituir o ajuste que deve ser feito pelos próprios europeus.

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