São Paulo, segunda-feira, 9 de junho de 1997 |
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DESAFIO HISTÓRICO Estudo publicado nesta Folha apresenta os números de um conhecido problema que o país divide com aqueles que em certa época também empregaram mão-de-obra escrava. Constata-se, mais uma vez, a brutal diferença entre a qualidade de vida da população negra e a desfrutada pelos brancos. Enquanto a média da população, incluindo brancos e negros, encontra-se em 63º lugar em desenvolvimento humano no mundo, os negros, considerados isoladamente, ficam na incômoda 120ª posição. Lamentavelmente, desde a abolição da escravatura, não se desencadearam ações consistentes que pudessem facilitar a integração social de negros e "pardos" (termo usado pelo IBGE -Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Muito menos iniciativas que viabilizassem a ascensão dos poucos que afinal conseguiram escapar da miséria. A pesquisa aponta que a maior diferença encontrada entre os indicadores sociais sobre a população branca e os da negra diz respeito justamente a um dos fatores que, com maior eficácia, poderiam contribuir para a promoção dos excluídos: a educação. De acordo com o Relatório do Desenvolvimento Humano no Brasil de 1996, mais de 35% dos negros e 33% dos pardos são analfabetos, contra 15% dos brancos. Mesmo não representado grande novidade, esses dados colocam em cena mais uma vez a premência de um programa amplo e efetivo na área educacional em todo o país. E, ao se falar em educação, não se pode ter em vista apenas a escolarização, mas também o preparo para a tolerância e a diversidade, fundamental para uma sociedade com pluralidade étnica. Enquanto esperam-se medidas do governo do professor FHC nessa área, perpetuam-se a miséria e o preconceito que, indiscriminadamente, estigmatizam os negros como cidadãos despreparados, submetidos à injúria e à desconfiança. Texto Anterior: EUROPA, 50 ANOS Próximo Texto: Damião encontra Lênin Índice |
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