São Paulo, quarta-feira, 11 de junho de 1997
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Testemunhas confirmam álibi de Rainha

FERNANDA DA ESCÓSSIA
ENVIADA ESPECIAL A PEDRO CANÁRIO (ES)

Até o final da noite de ontem, o julgamento do líder sem-terra José Rainha Júnior, 36, acusado de duplo homicídio, chegava a dez horas de duração com cinco depoimentos de testemunhas de defesa e nenhuma de acusação.
Rainha é acusado de co-autoria nas mortes do fazendeiro José Machado Neto e do PM Sérgio Narciso da Silva, durante uma ocupação de sem-terra na fazenda Ipuera, em Pedro Canário, de propriedade de Narciso, em junho de 1989.
A testemunha mais importante, José Jorge Guimarães, o Zé Coco, que disse ter visto Rainha no local do crime, não compareceu, alegando razões de segurança.
Em depoimento anterior, Guimarães descreveu Rainha como de "rosto redondo e cabelos cacheados". Rainha tem rosto comprido e cabelos pretos, lisos e curtos.
As cinco testemunhas da defesa confirmaram a versão de Rainha: a de que, à época do crime, ele estava participando de uma ocupação de terras no interior do Ceará.
Os vereadores por Fortaleza Luís Átila Bezerra (PSC) e Narcílio Andrade (PMDB) disseram ter visitado o acampamento dos sem-terra no dia 5 de junho, data do crime, e visto Rainha no local.
O deputado estadual Eudoro Santana (PSB-CE), secretário de Estado no Ceará à época e também testemunha de defesa, disse ter intermediado uma reunião dos sem-terra, Rainha entre eles, com o governador Tasso Jereissati.
O atual chefe da Casa Militar de Jereissati, o coronel Sebastião Cavalcante, confirmou a presença de Rainha na reunião.
Uma marcha de trabalhadores sem-terra chegou à cidade para pedir a absolvição de Rainha. Os sem-terra estenderam colchões na frente do fórum e acompanharam o julgamento noite adentro.
Lideranças petistas, entre elas Luiz Inácio Lula da Silva, e o presidente da CUT, Vicente Paulo da Silva, estiveram na cidade e defenderam a absolvição de Rainha.
A defesa recusou três candidatos a jurados, considerados pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) ligados a fazendeiros locais. O Ministério Público recusou outros três.
A defesa de Rainha alegou a suspeição de mais dois jurados: um parente de uma das vítimas e um fazendeiro que teria dito à imprensa local que condenaria Rainha.
A acusação disse que, se Rainha for absolvido, pedirá a anulação do julgamento.

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