São Paulo, quarta-feira, 11 de junho de 1997 |
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Epidemia de conformismo
CLÓVIS ROSSI São Paulo - Eis no que acabou dando a tal "utopia do possível", a muleta em que se amparou o presidente Fernando Henrique Cardoso ao se acomodar ao esquemão:1 - A PM paulista mata três sem-teto. O ministro da Justiça, Iris Rezende, saca da algibeira sua própria versão da utopia do possível e lasca: "O crime, às vezes, é inevitável". 2 - Uma cratera de 20 metros de diâmetro se abre da noite para o dia em pleno pátio da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego). O secretário municipal de Obras, Reynaldo de Barros, investe também na utopia do possível: "Acidente é acidente". 3 - Pelo menos os dois grandes jornais de São Paulo, esta Folha e o "Estadão", alçam à capa que a "indústria de SP volta a criar vagas". Seria excelente, não fosse a comparação entre os dois fatos relativos ao mesmo fenômeno. Fato 1: "A indústria paulista criou 550 vagas em maio, primeiro resultado positivo no nível de emprego desde março de 95". Fato 2: "No ano, o nível de emprego continua negativo, com 102,7 mil vagas fechadas desde janeiro". Que diabo de país é esse em que a criação de 0,5% dos empregos que foram destruídos nos quatro meses anteriores fica até parecendo boa notícia? Se ainda houvesse uma recessão, "o crime (da destruição de empregos) seria inevitável", para parafrasear o eminente jurista Iris Rezende. Mas, embora pouco, o Brasil continua crescendo. E o desemprego também. Ainda bem que o ministro do Trabalho, Paulo Paiva, é mineiramente discreto o suficiente para não dizer bobagens como seus companheiros dos diversos níveis de governo. Senão, seria capaz de dizer que "desemprego é desemprego" e pronto, tudo estaria explicado. Nesse ritmo, o Galvão Bueno bem que poderia sair comemorando o fato de a seleção ter sido vice-campeã (e invicta) no Torneio da França. Texto Anterior: PARTIDOS SEM ROSTO Próximo Texto: Revisão condicionada em 99 Índice |
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