São Paulo, quarta-feira, 18 de junho de 1997
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Doralice, 66, escapou da depressão e namora

LUCIANA SCHNEIDER
DA REPORTAGEM LOCAL

Doralice de Almeida Santos, 66, tem uma história que vai da tristeza à alegria. Ela sofreu muito quando seu marido morreu e também quando seus três filhos deixaram a sua casa.
Ela diz que ficou em depressão durante quase cinco anos. Só recentemente é que ela melhorou e retomou suas atividades.
"Foi terrível, quase morri. Eu não sei até hoje o que realmente aconteceu. Cheguei a implorar para que meu médico deixasse eu ficar dormindo no hospital, nem que fosse em um colchão no chão, só para não ter de ir para a casa e ficar sozinha."
Luz apagada
O que mais deixava Doralice em depressão era ver a luz apagada debaixo da porta da sua casa. Era nessas horas que se lembrava que estava sozinha.
"Era a solidão que me amedrontava. Eu vivia tomando remédios. Deixei de fazer muita coisa por causa da solidão. Eu só costurava e, de vez em quando, tomava conta dos netos. Hoje tudo acabou. Estou tentando resgatar todos esses anos perdidos."
Para acabar com a solidão, Doralice diz que "o jeito foi fazer tudo ao mesmo tempo, para não pensar em nada".
Hoje ela faz aulas de dança, passeia com suas amigas, faz compras na rua 25 de Março, viaja para o exterior, passa uns dias no sítio, visita suas filhas, entre outras coisas.
A sua vida tem mudado tanto, e em tão pouco tempo, que há alguns meses Doralice começou a namorar com uma pessoa de 41 anos.
"Não dá nem para falar o que estou sentindo. Parece que nasci de novo. Quando você acha que a vida acabou, você mal sabe que ela está apenas começando. Mas a gente não pode adivinhar o que vai acontecer. A vida é uma caixinha de surpresas." (LS)

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