São Paulo, quarta-feira, 18 de junho de 1997![]() |
![]() |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Divergências emperram as negociações Brasil e Argentina discordam FERNANDO GODINHO
O GMC está reunido em Assunção (Paraguai) desde segunda-feira. O único avanço obtido foi o consenso de que a solução dos problemas que ainda afetam a livre circulação de mercadorias e serviços no Mercosul deve ser priorizada no segundo semestre de 1997. Os principais problemas já foram identificados: texto final do código aduaneiro, liberação dos serviços financeiros e fim das restrições a empresas do Mercosul nos editais de concorrência para compras governamentais. Mas o desentendimento entre os dois principais parceiros desse bloco econômico está impedindo a solução dessas questões. "O único consenso é que devemos definir uma posição comum sobre esses temas, que são de natureza complexa", avaliou o embaixador José Botafogo Gonçalves, chefe da missão brasileira. "Só temos a vontade política de negociar. Ainda é cedo para apontar avanços", afirmou o embaixador Jorge Campbell, que comanda a equipe argentina em Assunção. O GMC vai preparar um texto que servirá de base para a reunião de ministros de Economia e presidentes de bancos centrais, que começa hoje. Diferenças Brasil e Argentina se desentendem sobre os principais temas em discussão. Uruguai e Paraguai (os demais sócios do Mercosul) apenas acompanham a polêmica. O Brasil quer que o código aduaneiro defina multas e penalidades para crimes de contrabando, mas a Argentina prefere que isso seja definido por uma legislação local. Por outro lado, a Argentina exige que o setor financeiro (e bancário) do Brasil seja desregulamentado, sem encontrar uma resposta imediata por parte da delegação chefiada pelo embaixador Gonçalves. As restrições brasileiras à participação de empresas estrangeiras em concorrências públicas para compras governamentais são criticadas pela Argentina, que se sente afetada no setor de medicamentos. O Brasil também é criticado por causa das políticas de incentivo ao setor automotivo, mas os técnicos do Ministério da Indústria, do Comércio e do Turismo garantem que nada vai mudar nesse sentido. "Vamos levar essas questões aos ministros. Eles decidirão o que será priorizado e a forma de negociação. Não dá para dizer que teremos uma solução imediata para esses problemas", diz o embaixador. Por ter o setor financeiro mais desregulamentado no Mercosul, a Argentina adotou uma posição mais agressiva nas negociações, refletida em um documento divulgado pelos negociadores do país. O texto afirma que seus sócios (o Brasil, "em particular") devem fazer um esforço para flexibilizar esses serviços financeiros. Texto Anterior: Holding Total compra mais uma agência Próximo Texto: Brasil decide se vai manter restrições às importações Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |