São Paulo, quarta-feira, 18 de junho de 1997
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Reforma das instituições dividem líderes

CLÓVIS ROSSI
DO ENVIADO ESPECIAL

Os líderes europeus mostraram a mesma dificuldade para reformar as instituições da UE que tiveram para andar nas bicicletas dadas pela Prefeitura de Amsterdã.
Só não caíram das bicicletas porque pouco pedalaram nessa que é a mais usual forma de transporte na cidade, a ponto de existirem 700 mil delas para 718 mil habitantes.
Exceto Tony Blair, o premiê britânico, que não podia desperdiçar a "oportunidade de foto" para exibir sua juventude comparativa.
Para azar dele, seu colega socialista francês, Lionel Jospin, também se saiu bem no teste, o que prova que eles têm pelo menos alguma coisa em comum.
Já em matéria de negociações, os líderes europeus tiveram que pedalar muito além da conta para tentar fechar um aguado acordo que muda (pouco) as regras de funcionamento da UE. As discussões invadiram a noite, quando deviam terminar no final da tarde.
A decisão sobre o principal ponto abordado, o número de votos a que cada país tem direito em reuniões ministeriais, fator que determina o balanço de forças na união, foi adiada. Bélgica e Espanha se recusaram a aceitar alterações que, segundo avaliaram, lhe seriam prejudiciais.
Segundo diplomatas, os líderes estavam cansados demais para travar mais uma rodada de discussões. A questão só deve ser definida nas vésperas da entrada na entidade de novos membros, prevista para ocorrer na próxima década.
Seria uma espécie de superministro de relações exteriores da comunidade. Como queriam alemães e franceses, alguém que pudesse atender, por exemplo, o presidente norte-americano, Bill Clinton, no telefone vermelho e dizer na hora a posição européia.
Não será assim, porque preferiu-se escolher mais um burocrata do que alguém com "perfil de estadista", como pedia Jacques Chirac, presidente da França.
Mas o Reino Unido se opõe, porque Tony Blair acha que, em matéria militar, basta à Europa ter uma "voz forte". Ele prefere deixar a defesa européia a cargo da Otan, na qual mandam os EUA.
São mexidas que se aproximam, mas não preenchem a necessidade de reformar a UE para que ela possa acolher os 11 países que estão na fila de espera.
(CR)

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