São Paulo, quarta-feira, 18 de junho de 1997
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A derrota do câncer

GILBERTO DIMENSTEIN

Pela primeira vez diminuíram as mortes de mulheres americanas com câncer no seio -uma doença que, apenas este ano, deve ser diagnosticada em cerca de 28 mil brasileiras.
O Instituto Nacional de Estatísticas de Saúde detectou uma queda de 1,6% no número de mortes, revertendo a tendência de aumento crescente. Segundo dados oficiais, cerca de 180 mil americanas terão diagnóstico de câncer de mama neste ano. O número de mortes deve girar em torno de 43 mil.
Ainda não se sabe quando descobrirão a cura. Mas a guerra de guerrilha contra o câncer está colhendo sucessivas vitórias.
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A queda das mortes por todos os tipos de câncer nos EUA foi de 5%. Se as mulheres não tivessem adquirido o péssimo hábito de fumar, aumentando a incidência de câncer no pulmão, a queda seria ainda maior.
É uma vitória de médicos e cientistas, que aperfeiçoaram a capacidade de diagnosticar e tratar. Mas é uma vitória, em especial, dos educadores de saúde pública, apoiados pelos meios de comunicação.
Cada vez mais mulheres sabem que devem examinar os seios para descobrir o tumor quando ainda está na fase inicial. "Posso dizer que 93% dos tumores no seio com menos de um centímetro são curáveis", afirma Sérgio Simon, do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, um dos mais requisitados oncologistas brasileiros.
Na luta contra o câncer, a terapia das palavras é um dos melhores remédios.
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A terapia das palavras é o esforço mundial de educação para que as pessoas prestem mais atenção ao que ingerem e examinem periodicamente seu corpo.
Foi divulgado ontem estudo realizado na Itália com 5.000 mulheres; metade delas tinha tumor no seio. Quem se alimentava melhor, com menos álcool e gordura, levando vida mais saudável, desenvolveu menor tendência ao câncer.
São as restrições necessárias até que (e se) os cientistas descubram a cura -uma possibilidade cada vez mais concreta graças à engenharia genética.
Em laboratórios da Faculdade de Medicina de Harvard, por exemplo, pesquisadores já conseguem reduzir com injeções o tamanho de tumores malignos; o tumor é impedido de se alimentar. "Estamos acompanhando essa experiência com muita atenção, tudo é muito preliminar, mas os sinais são promissores", afirma Fernando Reinach, professor da Faculdade de Medicina da USP e responsável por um laboratório de genética na Faculdade de Medicina de Cornell, em Nova York.
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PS - Pode ser acessado pelo meu e-mail texto em inglês sobre as experiências contra o câncer que estão inspirando um cauteloso otimismo.

Fax: (001-212) 873-1045
E-mail gdimen@aol.com

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