São Paulo, quarta-feira, 18 de junho de 1997
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MAQUIAGEM EUROPÉIA

Os líderes europeus reunidos na cúpula de Amsterdã chegaram a um acordo: a unificação monetária européia tem pela frente problemas políticos novos e já antigos problemas econômicos, mas, por enquanto, e no papel dos tratados, tudo continua como está. As diferenças de fato sobre como deve ocorrer a união econômica deverão ser resolvidas nos meses que restam até 1998, quando serão definidos os países que vão poder adotar a moeda única, o euro.
É certo que, diante do novo jogo de forças na Europa, os líderes políticos, da Alemanha especialmente, foram obrigados a admitir que têm um problema. O eleitorado francês disse claramente que não quer mais pagar a conta do ajuste monetário e fiscal requerido pelos critérios do Tratado de Maastricht, que estipula as regras da união econômica. Países ameaçados de não participar da primeira fase do euro viram no protesto francês algum alívio. Ganhou peso o mote "Europa social": a unificação monetária não deve ser feita em prejuízo da proteção social e do emprego.
Mas o que a "Europa social" obteve em Amsterdã foi uma agenda de discussão; por enquanto, as mudanças são cosméticas, pois foi aprovado o pacto de estabilidade. Isto é, não só os critérios de Maastricht continuam de pé como, após a unificação, terão de ser cumpridos sob pena de multa. Mantém-se a política econômica que vem causando crescimento medíocre e desemprego.
Continua, assim, a tensão -o que ficou evidente nas declarações de ministros franceses logo depois do acordo de Amsterdã: a França, e seu eleitorado enfurecido, ainda não está satisfeita com o rigorismo com que a Alemanha interpreta Maastricht. A pressão das urnas, reforçada pelo lamento dos países em dificuldades com seu déficit público, mudou o clima político, mas não as decisões de fundo sobre o euro. Amsterdã postergou um acerto de contas entre as lideranças que defendem o projeto da unificação e eleitores cada vez mais insatisfeitos.

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