São Paulo, quarta-feira, 18 de junho de 1997
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AUMENTO DO METRÔ

O aumento de 25% na passagem unitária do metrô em São Paulo merece, pelo menos, discussão mais aprofundada. Desde a última majoração, há 12 meses, a inflação acumula 7,1%. O dissídio salarial dos metroviários foi de 9%.
Em julho de 94, o bilhete custava R$ 0,60. A nova tarifa, de R$ 1,25, embute aumento de 108,3%, contra inflação de 64,6% no mesmo período. A justificativa do governo foi desestimular compra de passagem única. O argumento parece sustentar-se quando a viagem simples é comparada com o bilhete duplo, mas cai em contradição ao se verificar o novo custo do bilhete múltiplo de dez.
O tíquete que dá direito a duas viagens não sofreu reajuste e continua custando R$ 2,00. Mas o de dez viagens subiu de R$ 9,00 para R$ 10,00. Assim, a nova tabela pune duramente quem compra uma única passagem, mas elimina o estímulo dos que, em vez de bilhete duplo, compravam dez viagens a cada vez. Os aumentos não obedecem portanto ao declarado objetivo de reduzir filas e conter os custos operacionais.
Além dessa inconsistência, o patamar geral do custo do transporte subterrâneo é injustificável. Nos três anos de vigência da nova moeda, o bilhete duplo subiu 73,9%, e o múltiplo de dez aumentou 81,8%. São decolagens menores que a do bilhete único e que a das passagens de ônibus (que subiram 100%), mas, ainda assim, todas superam a inflação.
Ao que tudo indica, o governo do Estado decidiu seguir a prefeitura da capital, que tem promovido uma verdadeira escalada no preço das passagens de ônibus urbanos. Segundo estimativa preliminar de técnicos da Fipe, cerca de metade da inflação medida em São Paulo nos primeiros sete meses deste ano será devida a aumentos de tarifas públicas.
Para a população de baixa renda das grandes cidades, o elevado custo do transporte público é um ônus pesado, que dificilmente se consegue evitar. Passagens caras são socialmente injustas. E lamentavelmente não se observa nos atuais mandatários um esforço para reduzir esse custo.

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