São Paulo, sexta-feira, 20 de junho de 1997
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McDonald's vence ativistas na Justiça

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O mais longo julgamento da Inglaterra terminou ontem com a condenação de dois ativistas a pagar 60 mil libras (US$ 98 mil) por danos causados à cadeia de lanchonetes McDonald's.
Os ambientalistas Helen Steel, 31, e Dave Morris, 44, foram alguns dos responsáveis pela publicação, em 1984, de um panfleto de seis páginas em que se acusava o McDonald's, a maior cadeia de restaurantes do mundo, de ser responsável por vários problemas mundiais.
O juiz Rodger Bell considerou que as acusações de que a cadeia seria responsável pela fome no Terceiro Mundo, pela destruição de florestas tropicais e por vender comida não-saudável "ofenderam a reputação do autor da ação judicial".
"Eu considerei a maioria das acusações mentirosas. Outras são verdadeiras", declarou o juiz em sua sentença.
Entre as últimas estão a responsabilidade do McDonald's por propaganda enganosa, por crueldade contra certos animais e por pagar baixos salários.
O caso, iniciado em 1990, atraiu a atenção mundial, foi tema de reportagens em diversos veículos mundiais de comunicação, tem uma página na Internet e gerou um livro de 300 páginas.
Durante os mais de seis anos desde seu início, mais de 19 mil páginas foram juntadas aos autos, cerca de 200 testemunhas foram ouvidas e US$ 16 milhões foram gastos para se decidir se eram ou não verdadeiras as acusações.
Steel e Morris sempre negaram que tivessem difamado a empresa no panfleto intitulado "O que está errado com o McDonald's". O material foi produzido pela London Greenpeace, um pequeno grupo sem relação com o Greenpeace International.
Em 1989, quando o McDonald's intimou os cinco líderes do grupo, três deles se desculparam. Steel e Morris preferiram ir aos tribunais.
"Apesar da nossa imensa desvantagem, conseguimos com que o juiz acolhesse algumas de nossas acusações", disse Steel.
"Nós queríamos provar com nosso exemplo que você pode se levantar contra um adversário muito mais poderoso que você", afirmou Morris, após saber da derrota e do valor da indenização.
Os ambientalistas pretendem levar o caso para a Corte Européia de Direitos Humanos. Os dois ativistas dizem não ter dinheiro para pagar o valor estabelecido pela corte.
Mas o McDonald's afirmou que dinheiro nunca foi o ponto. "Se eles não têm dinheiro, não é nossa intenção provocar danos", afirmou o porta-voz da cadeia de lanchonetes.
A questão dos custos da ação, porém, que devem ser pagos por alguém, será decidida em breve, disse o juiz.

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