São Paulo, sábado, 21 de junho de 1997
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Absolvição cria descrença, afirma secretário

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A absolvição do ex-policial militar Nélson Cunha, acusado de participar da chacina da Candelária, no Rio, "afeta grandemente" o Programa Nacional dos Direitos Humanos, por gerar "descrença" da opinião pública em relação à Justiça.
Essa é a avaliação do secretário nacional dos Direitos Humanos, José Gregori, sobre a sentença proferida anteontem pelo segundo tribunal do júri, que julgou o ex-policial militar.
No primeiro júri, realizado em 96, ele foi condenado a 261 anos de prisão.
"A gente está começando a explicar que a Justiça é a via para reparar danos aos direitos humanos e nota que a sociedade está perplexa com dois julgamentos radicalmente contrários", afirmou.
O Programa Nacional dos Direitos Humanos foi lançado há um ano pelo presidente Fernando Henrique Cardoso.
Gregori ocupa o setor do Ministério da Justiça responsável pela implantação do programa.
Um dos principais objetivos do programa é combater a impunidade dos policiais que praticam chacinas como a da Candelária, em que meninos de rua foram mortos por PMs, em julho de 93.
Terceiro júri
O secretário nacional dos Direitos Humanos defendeu a realização de um terceiro júri para julgar o ex-PM, a fim de que sejam eliminadas dúvidas sobre os dois julgamentos anteriores.
O ex-PM foi submetido a novo julgamento por ter sido condenado a mais de 20 anos de prisão. Gregori espera que o Tribunal de Justiça do Rio atenda pedido da promotora Glória Percinoto para a realização de um terceiro júri.
"O pêndulo da Justiça do Rio está desregulado. A sociedade quer saber qual é o julgamento certo e qual é o errado", disse ele.
Segundo Gregori, o governo federal não possui competência alguma para intervir na decisão da Justiça do Rio.
Nesse caso, a Polícia Federal ofereceu proteção a Wagner dos Santos, ex-mendigo, sobrevivente da chacina.
O ex-PM Nélson Cunha já havia sido condenado a 18 anos de prisão por tentativa de homicídio contra Wagner dos Santos.

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