São Paulo, sábado, 21 de junho de 1997
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Brasil, EUA e Japão

CLÓVIS ROSSI

Denver (EUA) - O governo norte-americano arrancou na madrugada de ontem do Japão um acordo que permite aos norte-americanos participar do processo de desregulamentação da economia japonesa.
A iniciativa é "muito, muito excitante", festejou Charlene Barshefsky, a xerife do comércio norte-americano.
Para os americanos, é de fato excitante: podem oferecer conselhos sobre como abrir o mercado japonês em, inicialmente, telecomunicações, equipamentos médicos e farmacêuticos e serviços financeiros. Todas áreas em que os EUA são muito competitivos.
A mídia internacional logo traduziu o acordo por "supervisão" dos EUA em assuntos internos do Japão. O porta-voz do presidente Clinton, Mike McCurry, corrigiu: não é "supervisão", é "oferecer conselhos". Então, tá.
O acordo, admitem os norte-americanos, foi apressado pelo fato de que o superávit comercial japonês com os EUA voltou a crescer (com o resto do mundo também). Deu US$ 4,8 bilhões em abril, o maior dos últimos seis meses e mais da metade do déficit total americano no mês.
A negociação quase emperrou porque o Japão queria reciprocidade. Barshefsky negou: "Primeiro, os EUA são a mais aberta economia do mundo, entre as grandes. Segundo, o Japão tem um substancial superávit com os EUA, não o contrário".
Muito bem. Fico curioso por saber como os EUA vão justificar, para o Brasil, o fato de que não aceitam discutir reciprocidade nas negociações para a Alca (Área de Livre Comércio das Américas).
O Brasil concorda em abrir seu mercado ainda mais, mas quer, antes, a derrubada das inúmeras barreiras a produtos brasileiros na "mais aberta economia do mundo".
A propósito: o déficit comercial brasileiro com os EUA, pelas contas da Câmara Americana de Comércio, tende a ser este ano igual ao déficit que o Brasil teve, em 96, com todos os países do mundo.

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