São Paulo, segunda-feira, 23 de junho de 1997 |
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Golpe cresce com cliente desinformado
PRISCILA LAMBERT
Exemplo disso são as cerca de 3.000 pessoas enganadas nos dois últimos anos ao cair no golpe do consórcio de carro por telefone. Anúncios publicitários chamam a atenção pela boa oferta. Os consumidores ligam para o número de telefone -normalmente celular-, ouvem mensagem com o nome de um consórcio conhecido e deixam telefone para contato. Uma pessoa retorna a ligação, fornece o número da conta para que a primeira parcela seja quitada com a promessa de enviar posteriormente o recibo por fax. Mas nunca o faz e desaparece. O Decon (Delegacia do Consumidor) e a Anes (Associação Nacional das Entidades de Serviços Financeiros e de Consórcios da Indústria Automobilística) recebem várias reclamações contra esses golpes. Segundo o Procon (Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor), outras situações como essa vêm acontecendo em São Paulo, o que ilustra a inocência e desinformação dos consumidores. "É preciso ter muito cuidado com transações que pareçam obscuras. O consumidor não deve fechar determinados negócios por telefone ou assinar documentos sem ler", diz Maria Estela Gregori, assistente da diretoria do órgão (veja quadro ao lado). Móveis Maria Estela aponta a má-fé com que agem alguns funcionários de lojas de móveis, principalmente nos bairros de Santo Amaro (zona sul) e Pinheiros (zona sudoeste). Os pedestres se recusam a comprar por falta de dinheiro, mas os funcionários pedem seus dados pessoais, preenchem uma ficha e pedem que assinem embaixo, alegando ser apenas um pedido de orçamento gratuito. Em pouco tempo, diz Maria Estela, o consumidor recebe um móvel e o boleto de pagamento. "Na verdade, sem saber ele assinou um contrato e se comprometeu a pagar pelo produto." Neste ano, chegaram ao Procon 66 reclamações de seis empresas de móveis diferentes, cujos nomes não foram divulgados. Sete foram atendidas, 55 estão em andamento e nove não obtiveram acordo. Teatro Também há, no Procon, queixas frequentes contra a ABT (Associação Brasileira de Teatro), que oferece, em contrato de cinco meses, ingressos para peças de teatro. Segundo o Procon, consumidores reclamam da qualidade das peças e da dificuldade de cancelar o contrato, já que a renovação é automática. O motorista de táxi Homero Thiago da Silva, 54, disse que viu um cartaz "Vá ao Teatro de Graça", se aproximou e pediu informações. Segundo ele, funcionários ofereceram alguns ingressos gratuitos e afirmaram que, se ele gostasse, receberia mais. Para isso, preencheu uma ficha com seus dados e assinou embaixo. Em pouco tempo, recebeu um boleto de pagamento. Novamente foi falta de informação. Homero havia assinado um contrato. Ele tentou cancelar, mas segundo ele, a ABT quis cobrar multa. "Fui ao Procon e registrei queixa. Isso me valeu para eu nunca mais assinar qualquer coisa sem ler muito bem." A ABT nega as acusações (veja texto ao lado). Texto Anterior: Reforço da tríplice será aplicado a partir de hoje Próximo Texto: Associação faz alerta Índice |
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