São Paulo, segunda-feira, 23 de junho de 1997
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Começa hoje rodízio 'queijo suíço'

ROGERIO SCHLEGEL
DA REPORTAGEM LOCAL

São Paulo e mais nove cidades da região metropolitana iniciam hoje mais um rodízio de veículos contra a poluição -o segundo com multa para os infratores.
O maior furo é a dificuldade de multar os caminhões, incluídos pela primeira vez, mas há outros buracos na organização que fazem lembrar um queijo suíço.
O maior problema com os caminhões é fiscalizar os infratores. A operação não vai multar veículos que estejam apenas em trânsito pela área e definiu um corredor especial para isso. A questão é saber diferenciar esses caminhões.
O decreto que criou essa espécie de anel viário prevê que não serão multados caminhões com carga de origem e destino fora da área do rodízio. Ele não faz referência à placa dos veículos.
Assim, um caminhão com chapa da cidade de São Paulo que estiver rodando no corredor no dia em que seu final estiver proibido precisa ser parado para ser multado. O fiscal deve ver origem e destino da carga na nota fiscal.
O método é bem menos eficaz que o usado para os carros, que só precisam ter sua placa e modelo anotados. Isso beneficia os caminhões infratores, que, quando flagrados, arcarão com multa igual à dos automóveis, embora transportem carga de valor comercial.
Mesmo que não haja nenhum infrator, o corredor libera do rodízio cerca de 100 mil dos 300 mil veículos que rodam na Grande SP.
A definição de carga perecível, que também libera o caminhão para circular em toda a área da operação, é outro complicador. Pelo decreto do rodízio, pode-se supor que o concreto, por exemplo, se encaixa no conceito.
No texto, é perecível a carga que precise de "acondicionamento e/ou climatização especial" para sua conservação e transporte.
Segundo a Abesc (Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Concretagem), o concreto só pode ser transportado em betoneiras (caminhões cujas caçambas são ovaladas e giratórias) e endurece após três horas.
"Temos um laudo do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) atestando que se trata de produto perecível", informa José Amaury de Carvalho Lerro, superintendente da associação.
Para a associação, o decreto exclui as betoneiras do rodízio. Mas ela pretende negociar com a Secretaria do Meio Ambiente sua liberação, comprometendo-se a adotar medidas de controle de poluição de médio e longo prazo.
Há cerca de 40 mil viagens de concreto por mês na Grande São Paulo.

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