São Paulo, segunda-feira, 23 de junho de 1997
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A DROGA DOS JOVENS

O abuso de álcool entre jovens é, como revelou a última edição do Folhateen, um problema muito mais sério do que se imagina. Se a maconha já recebeu o rótulo de "droga da juventude", a expressão é, no mínimo, discutível. Pesquisa do Cebrid (Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas) mostra que o álcool é a droga da preferência de 19,7% dos jovens, estando em primeiro lugar nesse sinistro ranking.
O problema é que, diferentemente do que muitos pensam, o álcool, apesar de ser livremente vendido, é, em termos psiquiátricos, considerado droga pesada. Difere da cocaína ou do crack por levar mais tempo para estabelecer a chamada dependência física. Enquanto algumas dezenas de doses de crack são suficientes para estabelecer o vício, no caso do álcool esse perigo não é imediato.
Os danos causados ao organismo pelo abuso de substâncias etílicas também são bastante graves, indo desde sérios problemas hepáticos e pancreáticos até a demência.
Em termos econômicos, o estrago causado pelo álcool é bem maior do que o provocado por outras drogas. O tratamento de alcoólatras já é a segunda maior fonte de despesas do SUS, perdendo apenas para a obstetrícia. Calcula-se que o álcool esteja envolvido em cerca de 40% dos acidentes automobilísticos (sem falar em homicídios e lesões corporais).
Não ocorreria a ninguém hoje proibir o álcool. A experiência da Lei Seca nos EUA deixou suficientemente clara a ineficiência da medida. Ainda assim, os argumentos dos que são contrários à liberação de outras drogas repousam no fato de que é impossível prever os resultados epidemiológicos da liberação até mesmo de uma droga leve como a maconha.
É fundamental, pois, estar atento à diferença entre o uso aceitável e o abusivo. No segundo caso, as consequências são frequentemente fatais.

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