São Paulo, segunda-feira, 23 de junho de 1997
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Ah, o infinito...

JOSIAS DE SOUZA

São Paulo - O tucanato ficou de penas eriçadas ao saber que FHC jantou em segredo com Maluf. Bobagem. Recomenda-se que aguardem a biografia de Collor. Ele irá rememorar encontros secretos que manteve com FHC.
Antes do Carnaval de 91, por exemplo, jantaram na casa de Jarbas Passarinho. Albano Franco, à época presidente da CNI, também testemunhou a conversa.
Comeram bife, batatas fritas e arroz. Collor queria FHC em seu ministério. Havia resistências do PSDB, em especial de Covas. A horas tantas, Zilda, empregada de Passarinho, aproximou-se da mesa. Trazia a sobremesa -mamão papaia- e, mais importante, um alerta:
"Tá cheio de jornalista aí fora."
FHC não se conteve:
"Não posso ser visto aqui."
Collor abespinhou-se:
"(...) Está bem que o encontro não é para ser divulgado, mas não estamos cometendo nenhum crime."
Para despistar, Collor e Albano saíram na frente. Seguiu-os uma horda de jornalistas. Um fotógrafo, porém, se manteve postado defronte da casa. FHC só saiu de madrugada. Esperou que o fotógrafo fosse embora.
O livro de Collor devolverá à tona um outro encontro, ocorrido em abril de 92. O noticiário começava a roçar as traficâncias de PC Farias. O PFL acabara de ganhar três ministérios.
FHC foi ao Planalto junto com Tasso Jereissati. Collor ofereceu o Itamaraty a um e a pasta das Minas e Energia a outro. E Fernando Henrique:
"Está difícil aceitar, presidente (...) Fica difícil participar de um governo que tenha o PFL. O partido é a encarnação do atraso, simboliza tudo de ruim que há no país."
Na última quinta-feira, FHC, agora na pele de presidente, definiu melhor sua política de alianças:
"Eu quero A mais B mais C mais D, até o infinito, se puder."
Nesse ritmo, não demora e Sua Excelência estará reencontrando Collor. Terá tocado, então, o infinito.

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