São Paulo, segunda-feira, 23 de junho de 1997
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Universal, o 'uga-uga' substitui o cirílico

FERNANDO CANZIAN
DO ENVIADO ESPECIAL À RÚSSIA

Na Rússia, use a improvisação e a mímica para se fazer entender. Dificilmente vai passar pela sua frente alguém que fale inglês.
E, frequentemente, um russo vai ficar repetindo a mesma frase, em russo, esperando que você entenda. Mas só o básico do russo já dá um trabalho enorme.
A língua, expressa no estranho alfabeto cirílico, é riquíssima e dificílima. Permite, por exemplo, o uso de substantivos no final das sentenças e outros malabarismos que tornaram as poesias russas tão famosas pela sonoridade.
Uma dica para pronunciar alguma coisa: quase sempre a sílaba tônica é a penúltima. Como em "spasíbo" (obrigado).
Entre os jovens, é mais fácil encontrar quem fale outra língua, especialmente inglês e francês, hoje ensinados em muitas escolas públicas e particulares.
Mas, no dia-a-dia, nas lojas, restaurantes e guichês de câmbio, não se desespere. Os russos são extremamente educados e se esforçam para entender o universal "uga-uga" dos turistas.
Por falar nela, a educação é considerada o principal "patrimônio" deixado pelo comunismo.
Até os detratores do antigo regime admitem isso, embora com críticas à imensa quantidade de baboseiras metidas na cabeça dos estudantes para moldá-los aos dogmas do comunismo.
A taxa de analfabetismo na Rússia hoje não passa de 2%, concentrados na zona rural do país. E a maior parte dos estudantes conclui o terceiro grau, o que qualifica o país, nesse importante quesito, a embarcar mais facilmente no "mundo globalizado".
Antes do comunismo, a maioria da população, controlada pelos czares, não sabia ler ou escrever.
Hoje, todos têm direito ao ensino gratuito. Atividades extra-curriculares, como piano ou balé, antes grátis, agora são pagas.
Exemplo contundente do cuidado com a educação que os comunistas tiveram é a Universidade de Moscou, prédio monumental ao melhor estilo stalinista e que contém nada menos que 40 mil salas. Vale a visita.

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