São Paulo, quinta-feira, 26 de junho de 1997
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Ex-assessor aponta corrupção no Acre

LUIZA DAMÉ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Guilherme Duque Estrada, ex-secretário do governador do Acre, Orleir Cameli (sem partido), disse ontem que recebeu "prêmio" em dinheiro para conseguir verbas federais para a Prefeitura de Cruzeiro do Sul, administrada por Cameli de 1990 a 1994.
"O combinado com o Cameli era 1,5% das verbas, mas ele nunca me pagou 1,5%", afirmou Duque Estrada em depoimento à Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara. Além da gratificação, Duque Estrada disse que recebia salário de Cr$ 12 mil.
"Ele prometeu me dar um prêmio em dinheiro pelo meu trabalho. Eu só recebi uma vez, em outubro de 93, Cr$ 30 mil", afirmou.
Duque Estrada disse que trabalhou com Cameli de fevereiro de 1993 até o final de 1994 (ele afirmou que não lembrava do mês). Segundo o ex-secretário, não havia contrato por escrito, e o pagamento era feito por Cameli.
"O primeiro pagamento foi feito no gabinete do Cameli na Marmud Cameli (empresa da família do governador), com um cheque pessoal dele ", afirmou.
Duque Estrada foi convidado a prestar depoimento na comissão sobre denúncias publicadas pelo jornal "O Globo", contra os deputados Márcio Reinaldo (PPB-MG) e Pauderney Avelino (PFL-AM).
Segundo a denúncia, Cameli teria pago propina a Márcio Reinaldo, em julho de 1993, quando o deputado era secretário de Administração do Ministério da Integração Regional, devido à liberação de recursos para construção de casas populares em Cruzeiro do Sul.
No depoimento de ontem, Duque Estrada confirmou a história. Ele disse que Cameli lhe entregou um envelope pardo, com dólares, destinado a Pauderney.
"Eu abri para ver o que tinha dentro e perguntei ao Cameli para quem era o dinheiro. Ele me respondeu que era para o rapaz do ministério que tinha liberado as verbas e que o Pauderney sabia o que fazer", declarou. "Eu perguntei se o rapaz era o Márcio Reinaldo, e ele disse que sim."
"Prática comum"
"No Acre é uma prática comum pagar propina", disse Duque Estrada. Membro da comissão, Reinaldo negou que conhecesse Duque Estrada e Pauderney. "Só conheci o deputado Pauderney aqui na Câmara", afirmou Reinaldo.
Duque Estrada disse que teve uma reunião no extinto Ministério da Integração Regional, na época ocupado pelo senador licenciado Alexandre Costa (PFL-MA), com Cameli, Pauderney e Reinaldo.
Afirmou que, na mesma época, mandado por Cameli, deu um aparelho de fax a Reinaldo.
"Para quem o sr. entregou?", perguntou Reinaldo. "Para o sr.", respondeu Duque Estrada. "Aonde?", perguntou o deputado. "Na sua residência, se não me engano, na 310 Sul (quadra de Brasília)", respondeu o ex-secretário.
O deputado disse que na época morava na 113 Sul e autorizou a comissão a confirmar o seu endereço e pedir informações à Telebrasília sobre a instalação de fax.

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