São Paulo, quinta-feira, 26 de junho de 1997![]() |
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MST invade secretaria de SP em protesto
OTÁVIO DIAS
Eles exigiam a liberação de R$ 9 milhões do Feap (Fundo de Expansão da Agropecuária e da Pesca) para financiar assentamentos e pequenas propriedades. Também queriam a renegociação de dívidas com o Banespa e a Nossa Caixa-Nosso Banco. Os invasores pediram reunião com os secretários estaduais da Agricultura, Francisco Graziano, da Justiça, Belisário dos Santos Jr., e diretores dos bancos credores. Às 15h, o secretário Graziano recebeu a comissão e concordou com a renegociação das dívidas, mas afirmou que o Feap destina-se apenas ao financiamento de pequenos agricultores. "Os recursos do Feap são para os 'com-terra"', disse. "Os sem-terra assentados pelo Incra têm acesso ao Procera, uma linha de crédito do governo federal com subsídio de 50%", afirmou. Segundo Graziano, o governo divulgará, no prazo de 30 dias, os 12 programas que dividirão a verba de R$ 20 milhões do Feap em 97. Para o MST, os sem-terra também são pequenos produtores e deveriam ter direito ao Feap. "Cada família recebe R$ 7.500 do Procera apenas uma vez ao ser assentada. E depois?", questionou Valmir Chaves, do MST. Os pequenos proprietários afirmaram que nunca receberam financiamento do Feap. "O Feap existe há tempos, mas não foi regulamentado. É o que estamos fazendo neste ano", disse Graziano. Criticado por não ter concedido audiência antes, apesar das solicitações, Graziano afirmou que a reforma agrária é de responsabilidade do secretário da Justiça. "Eu cuido dos 'com-terra"', afirmou. O momento de maior tensão aconteceu quando a Polícia Militar foi acusada de invadir os ônibus e impedir a entrada de comida. Segundo o coordenador do MST Delwek Matheus, havia mais de 200 kg de alimentos nos ônibus. O major Reinaldo Pinheiro, da tropa de choque da PM, afirmou que a polícia entrou nos ônibus porque os sem-terra haviam trazido paus, pedras e um facão. Os cerca de 600 manifestantes chegaram às 8h e ocuparam o pátio que dá acesso à secretaria. Apenas cerca de 30, segundo a PM, conseguiram entrar no prédio, mas não chegaram aos gabinetes. Cerca de 150 soldados da tropa de choque e mais de 130 do 3º Batalhão da PM bloquearam as entradas. "Temos ordens para reagir, se tentarem entrar", disse o major Pinheiro. Até o fechamento desta edição, não havia ocorrido nenhum incidente, e a invasão continuava. Texto Anterior: Senado 'erra' e leilão será hoje no Rio Próximo Texto: Sem-terra anuncia marcha Índice |
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