São Paulo, quinta-feira, 26 de junho de 1997
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PMDB nacional parte para a defesa de Paulo Afonso

Partido quer adiar votação sobre o impeachment

OSWALDO BUARIM JR.
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O PMDB decidiu ontem transformar em um problema nacional o processo de impeachment do governador de Santa Catarina, Paulo Afonso Vieira, acusado de emissão irregular de títulos públicos no final do ano passado.
A bancada do PMDB no Senado reuniu-se ontem à noite e resolveu apelar para que a Assembléia Legislativa do Estado suspenda o julgamento do governador por crime de responsabilidade até a conclusão da CPI dos Precatórios.
"O Senado é responsável pelas autorizações para emitir títulos e o Senado fez uma CPI para investigar irregularidades. Então, que se espere pelas conclusões da investigação do Senado", disse o líder do PMDB, Jader Barbalho (PA).
Barbalho reuniu em seu gabinete 18 dos 22 senadores do partido, que foram ao presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), reclamar da posição do PFL sobre o julgamento em Santa Catarina.
Até o relator da CPI dos Precatórios, Roberto Requião (PR), participou do encontro. Requião acha que o vice-governador catarinense, José Augusto Hulse, não deve ser responsabilizado por irregularidades na emissão de títulos públicos.
ACM disse aos peemedebistas que vai procurar o presidente nacional licenciado do PFL, embaixador Jorge Bornhausen, para negociar uma saída política, afirmou Jader Barbalho depois do encontro com o presidente do Senado.
Ainda de acordo com Barbalho, o presidente Fernando Henrique Cardoso, em reunião pela manhã com líderes governistas, no Palácio da Alvorada, disse estar preocupado com a forma como está sendo tratado o impeachment em Santa Catarina.
Barbalho argumentou com o presidente e com ACM que fica clara a intenção de tirar o PMDB do poder ao se propor também o afastamento do vice-governador.
Ele usou como exemplo o caso do impeachment do ex-presidente Fernando Collor, caso em que o vice-presidente Itamar Franco não foi responsabilizado, assumiu o poder e conduziu um governo de transição até a eleição seguinte.
Paulo Afonso é acusado de crime de responsabilidade pela emissão irregular de R$ 605 milhões de títulos públicos que deveriam ser usados para pagar dívidas decorrentes de decisões judiciais.
A CPI dos Precatórios revelou que o Estado não tinha essa quantidade de precatórios a pagar, utilizou o dinheiro arrecadado em outras finalidades e proporcionou lucros indevidos a bancos e corretoras da "cadeia da felicidade".
Jader Barbalho lembrou, em seu discurso, que o PMDB foi o partido que teve mais parlamentares cassados após a CPI do Orçamento, enquanto outros partidos fizeram o que podiam para livrar seu integrantes.
"Tem governador denunciado por compra de votos para a reeleição", disse Barbalho, referindo-se ao governador do Amazonas, Amazonino Mendes (PFL) e do Acre, Orleir Cameli (sem partido), citados em conversas gravadas como participantes da compra de votos de deputados em votação na Câmara.

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