São Paulo, quinta-feira, 26 de junho de 1997![]() |
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Soldado suspeito de ferir cabo se apresenta e é preso Peritos não sabem se tiro dado por suspeito acertou Valério CARLOS HENRIQUE SANTIAGO
O soldado Wedson Gomes Campos, do Batalhão de Choque de Belo Horizonte, apresentou-se ontem às 20h ao comandante do Batalhão de Missões Especiais da PM, coronel Severo Augusto da Silva Neto, e recebeu imediatamente voz de prisão. Uma nota do governo de Minas Gerais, divulgada ontem à noite, informa que o soldado se apresentou acompanhado de seu advogado, mas a unidade da PM em que está preso não foi divulgada. Ele foi identificado por meio de uma fita de vídeo da TV Manchete, em que aparece, à paisana, empunhando um revólver e atirando. O assessor de imprensa da PM, major Rômulo Berbert Diniz, negou ontem a versão de que o coronel Edgar Eleotério Cardoso, comandante do policiamento da capital, seja suspeito do crime. Segundo Diniz, o major teria como álibi uma outra fita de vídeo, mostrando-o de braços dados com outros militares na hora do tiro. Os peritos da Polícia Civil de Minas Gerais, no entanto, não têm certeza de que o tiro tenha partido mesmo do homem que aparece na fita da TV Manchete. Segundo o delegado Marco Antônio Teixeira, que acompanha os trabalhos da perícia, pelo menos três tiros foram disparados em frente ao prédio. Os peritos não conseguiram localizar a bala que atravessou a cabeça do cabo. Foram localizados uma bala e fragmentos de outra, mas sem vestígios de sangue. Uma delas estava a menos de um metro do local onde o cabo foi ferido, mas, segundo o delegado, teria atingido a parede do prédio. Os peritos trabalham com a hipótese de que, depois de atingir o cabo, a bala tenha acertado o teto da entrada do prédio, onde foi encontrada uma marca de tiro. Caso se confirme essa hipótese, foi calculado que, pela trajetória da bala, o tiro teria sido disparado a uma distância de cerca de 1,7 m do local onde estava o cabo. IPM O chefe da Divisão de Homicídios de Belo Horizonte, Otto Teixeira, disse ontem que a tentativa de homicídio contra o cabo será apurada por meio de IPM (Inquérito Policial Militar) e que, por isso, não será instaurado inquérito pela Polícia Civil. "Ficou caracterizado de que se trata de um crime militar, ocorrido no prédio da PM e contra um policial", afirmou. Ele disse que o laudo pericial, que deve ficar pronto no prazo de 30 dias, será enviado ao presidente do IPM que vai investigar o caso. Regulamento O regulamento disciplinar da Polícia Militar de Minas, assinado em 1974 pelo então governador Tancredo Neves, tem 163 itens classificados como transgressões. O regulamento define como transgressão "qualquer ofensa aos princípios de ética e do dever do policial militar na sua manifestação elementar e simples", diferindo do crime militar, que consiste "na ofensa aos bens juridicamente tutelados pelo Código Penal Militar". A tentativa de assassinato se encaixa no crime militar. Texto Anterior: Mês campeão de poluição Próximo Texto: Policiamento desaparece das ruas de BH Índice |
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