São Paulo, sábado, 28 de junho de 1997
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Novo 'provão' radiografa polícias do país

WILLIAM FRANÇA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Secretaria Nacional de Direitos Humanos criou ontem um comitê executivo para acompanhar as polícias civis, militares e dos corpos de bombeiros de todo o país. A idéia é ter uma radiografia bimestral das corporações.
Na próxima semana, será concluído o esboço do questionário com cerca de 30 perguntas que será encaminhado a cada corporação no início de agosto.
Em outubro, as polícias e bombeiros vão ter de informar à secretaria, por exemplo, o número de policiais mortos em serviço e o número de civis mortos por ações dessas polícias.
"Eu não tenho hoje nenhum dado. Se você me perguntar qualquer informação, qualquer detalhe das polícias, eu não tenho", disse o secretário José Gregori. "Até sei quantas pessoas morrem pela ação das PMs, por dados que me são passados por organizações não-governamentais. Mas nem posso confrontá-los", completou.
Haverá questões sobre horas de treinamento, currículo de formação, horas de trabalho nas ruas e número de atendimentos. "Não queremos só informações, queremos questioná-los também para que isso sirva de estímulo."
O comitê, que tem caráter permanente, será criado por portaria do Ministério da Justiça e terá dez membros. Eles poderão fazer visitas às corporações para checar os dados enviados. O questionário ganhou o apelido de "provão das polícias".
Salários
José Gregori disse que a Comissão Especial sobre Segurança Pública pode propor um piso salarial para a corporação em todo o país.
Uma das perguntas que será feita a cada dois meses às polícias de todo o país é sobre a remuneração do seu pessoal.
Ontem, circulou entre os integrantes da comissão uma tabela com os salários-base de algumas corporações no país. Dentre 13 PMs listadas, a da Paraíba é a que tem o menor piso: R$ 190. A do Distrito Federal é a mais bem remunerada, com R$ 1.200 (incluindo auxílio-alimentação).
Desmilitarização
Ontem, a Comissão Especial sobre Segurança Pública, que analisa propostas para mudanças nas PMs, ouviu o depoimento do coronel Luiz Fernando de Lara, comandante da PM do Paraná e presidente de um conselho nacional de comandantes. Ele defendeu a manutenção da militarização.
"Querer uma polícia sadia numa sociedade doente é ilusão. O que falta é que os governantes tenham vontade política para disciplinar a atuação policial", disse.
Para ele, desmilitarizar as polícias "só pelo preconceito" causaria o aumento da criminalidade.

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