São Paulo, domingo, 29 de junho de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Comunidade decide destino de acusado

DOS ENVIADOS A PLANALTINA (DF)

A zona de prostituição deve ficar no centro histórico? Os bares devem fechar à meia-noite ou não? Um forasteiro acusado de ser um "serial killer" deve ser condenado à prisão?
Em Planaltina, essas perguntas tem uma só resposta: a comunidade é quem decide. Nos três casos acima, respondeu "sim".
Acostumada a debater publicamente questões delicadas, a população de Planaltina foi chamada a tomar outra decisão difícil, desde que no final de 93 foi achada a ossada de Ana Elizabeth Lofrano enterrada próxima à cidade.
Dessa vez, Planaltina -representada por sete moradores sorteados para fazerem parte do corpo de jurados- irá responder se José Carlos Alves dos Santos mandou mandar matar a mulher ou não.
Em outro julgamento realizado no ano passado, os jurados de Planaltina condenaram os assassinos confessos do crime -o detetive Lindauro da Silva e o mecânico Valdei de Souza- a 21 e 16 anos de prisão, respectivamente.
Após o julgamento, o juiz do caso, Ademar Silva de Vasconcelos, pretende retomar outro assunto polêmico de Planaltina, cidade-satélite mais antiga do Distrito Federal, com 138 anos, localizada a 40 km de Brasília.
O juiz pretende reiniciar o movimento para retirar a zona de prostituição do centro histórico da cidade. "Menores de idade trabalham lá, e também há tráfico de drogas", diz o juiz.
Em 94, a polêmica sobre a localização da zona de prostituição fez com que a administração regional propusesse, com o apoio da igreja e da delegacia da Polícia Civil, a realização de um plebiscito entre os moradores.
A idéia era decidir no voto se a zona permaneceria no centro histórico ou iria para a margem da rodovia BR-020.
Na época, as prostitutas chegaram a fazer uma campanha para defender a permanência da zona, mas o plebiscito acabou sendo cancelado.
"Eles acabaram concordando que a gente ficasse. Essa zona também é histórica", afirma Márcia Pereira, 28, proprietária do "cabaré La Bodeguita", como ela chama sua casa de prostituição.

Texto Anterior: Testemunha é ligada a lotérica suspeita
Próximo Texto: Juiz não quer que caso vire espetáculo
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.

Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.