São Paulo, domingo, 29 de junho de 1997
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Estudantes vão usar roupa preta

BETINA BERNARDES; LUCIA MARTINS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA E DA REPORTAGEM LOCAL

A Executiva Nacional dos Estudantes de Engenharia convocou formandos de todo o Brasil a boicotar o provão hoje, usando camisas pretas e tarjas na boca.
"Ao contrário do ano passado, queremos fazer um protesto de silêncio", diz Luíza Rangel, uma das organizadoras do movimento.
Pelo menos duas universidades aderiram ao protesto. Alunos de engenharia da Universidade de Brasília e da Universidade Federal de Goiás anunciaram, na última terça-feira, que pretendem boicotar a prova, a exemplo do que aconteceu em 96.
Hoje, os formandos pretendem ficar "de luto". Em Goiás, além de roupas pretas, os universitários prometem colocar tarjas na boca e afirmam que colocarão caixões em frente aos locais de provas.
"Queremos mostrar a nossa indignação sem causar tumulto. Assim, daremos liberdade e tranquilidade para quem quiser fazer a prova", afirma Luíza.
No ano passado, os alunos da federal de Goiás fizeram protestos "com barulho" durante todo o dia do provão. Os formandos distribuíram kits com apitos e desfilaram em trios elétricos.
Só engenharia
Na UnB, os alunos de engenharia são os únicos que farão o boicote. Os estudantes de direito, administração e odontologia decidiram fazer a prova. Na última segunda, os formandos de engenharia civil de Brasília fizeram manifesto contra o exame.
Os estudantes de Brasília e de Goiás vão comparecer ao local da prova, mas entregarão o exame em branco. Marcelo Paro, presidente do centro acadêmico da UnB, diz que os formandos também se vestirão de preto.
Segundo os organizadores do movimento "Provão Não Prova Nada", o boicote é a única maneira de mostrar ao MEC (Ministério da Educação) que o provão não é uma forma correta de avaliar o ensino de 3º grau. "O provão não serve para avaliar esse complexo sistema de ensino, pesquisa e extensão", afirma o manifesto redigido pela federal de Goiás.
(BETINA BERNARDES e LUCIA MARTINS)

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