São Paulo, domingo, 29 de junho de 1997
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Número de PMs presos sobe 60% em 2 anos

ANDRÉ LOZANO
DA REPORTAGEM LOCAL

O aumento de 60,7% no número de policiais presos -a maioria (65%) por crimes contra o patrimônio- no presídio especial da PM de São Paulo, nos últimos dois anos, é uma indicação de que o policial militar paulista está recorrendo ao crime como forma de sustentar a sua família.
Essa é a avaliação do presidente da Associação de Cabos e Soldados da Polícia Militar de São Paulo, Wilson de Oliveira Morais.
Segundo Morais, o presídio da PM, Romão Gomes, mantinha 112 PMs detidos em 1995. Em 1996, o número de policiais presos saltou para 219. Este ano, 285 policiais militares se encontram no presídio da corporação -aumento de 60,7% nas prisões de no período.
"Os números mostram que a criminalidade está aumentando na PM. O policial militar, que não consegue reforçar sua renda familiar com os 'bicos', acaba partindo para o crime. Não é uma atitude justificável, mas real", disse.
"O policial, que tem uma arma na mão, ao ver a família passando fome pode acabar partindo para o crime", afirmou Morais.
Los Angeles
Para ele, o reajuste salarial seria a única forma de manter a "dignidade" do PM. Wilson Morais fez uma referência aos salários pagos para os policiais de Los Angeles (Estados Unidos) "como fator isolante de corrupção".
Dados oficiais do Departamento de Polícia de Los Angeles mostram que o salário mais baixo da polícia local -do oficial de polícia categoria 1- é de US$ 3.079,00.
Um sargento de Los Angeles, em início de carreira, ganha US$ 5.293,08 por mês, e o chefe de polícia, US$ 11.720,60 mensais.
"Há necessidade de uma valorização da polícia brasileira. Não quer dizer que chegaremos a esses salários. Além da questão salarial, o governo tem o dever de equipar melhor a polícia", disse Morais.
Hoje existem em todo o Estado de São Paulo 77 mil policiais militares, quando o efetivo fixado para o Estado é de 88 mil homens.

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