São Paulo, domingo, 29 de junho de 1997
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Homem tipo machão arrebenta corações

PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL

Entre um homem "politicamente correto", do tipo liberado, moderninho, e um "machão", do tipo que controla o comprimento da saia, proíbe amizades e exige que elas abandonem o emprego para cuidar da casa, algumas mulheres preferem mil vezes o segundo.
"Se um cara não me deixa sair de minissaia, mostra que que se preocupa comigo", acredita a assistente administrativa Adriana de Oliveira, 19. "Quer me proteger."
Há algum tempo, antes de ir a uma festa, Adriana chegou a trocar de roupa a pedido do namorado.
"Fiz porque entendi que alguém poderia mexer comigo e obrigá-lo a tomar uma atitude mais violenta. Não tinha necessidade."
Adriana trocou a saia e diz que, se necessário, trocaria também de amigos e de vida.
"Deixaria de trabalhar para tomar conta da casa feliz da vida", afirma. "Sou muito dedicada quando amo."
Quanto aos amigos, não há nenhum que seja mais importante que o namorado.
"Se ele diz: 'Não saia com aquela pessoa, que não vale a pena', eu respeito. Quem gosta, cuida."
Na verdade, nem precisava cuidar tanto. "Sou uma mulher de um homem só", afirma.
"O medo me excita"
A operadora financeira Ana Paula Barbosa, 29, tinha a idade de Adriana Oliveira -e pensava mais ou menos como ela- quando se casou pela primeira vez.
"Estava em plena ascensão profissional e meu marido conseguiu me tirar do emprego", lembra.
"Fiquei em casa cuidando de empregada, supermercado, cachorro, mas não foi ruim, não: tem muita mulher aí que nega, mas adoraria viver assim."
Segundo Ana Paula, o sonho de toda mulher é ter um machão para protegê-la. "Elas dizem que não gostam, mas tem sempre umas 20 no pé de cada um."
Ana Paula teve um filho e se separou do marido "machão" quando começou a correr perigo.
"Comecei a ter medo até de levar amigas em casa. Se bobeasse, ele me arrastava pelos cabelos."
Ela aprendeu, em termos, a lição. "Continuo gostando de machão: na verdade, o medo me excita. Adoro provocar." (leia depoimento abaixo).
O marido machão da dona de casa Liliane de Almeida, 33, dispensa provocações."Sem provocação ele já faz cena", diz.
Na verdade, ela diz que as cenas já foram melhores. "Já acreditei mais no poder dele", afirma.
Liliane diz que tem de usar truques. "Deixo ele pensar que é poderoso, para reaquecer o relacionamento. Não gosto de nada paradão: preciso me sentir dominada."
Para dominar Liliane, o machão tem de espernear. "Adoro ser cobrada", explica. "Se o homem tiver cara de mau, melhor ainda."

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