São Paulo, domingo, 29 de junho de 1997
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Francês critica exame geral e unificado

MARTA AVANCINI
DE PARIS

Uma avaliação do grau de conhecimento e da formação dos alunos em nível universitário deve envolver as instituições de ensino, o Estado e as empresas.
Essa é a opinião de André Staropoli, secretário-geral do Comitê Nacional de Avaliação, órgão responsável pela análise da qualidade e das condições de ensino das universidades na França.
"Para ser bem feita, a avaliação precisa ser realizada em pequena escala e com base nas características particulares de cada instituição. Desconfio da eficácia de modelos gerais e unificados", disse Staropoli à Folha.
Ele argumenta que as análises gerais e comparativas apenas refletem a realidade se forem realizadas a partir de uma metodologia muito bem definida, conhecida publicamente e nos casos de cursos que têm exatamente a mesma grade curricular. "Só conseguimos fazer isso no curso de odontologia", afirmou.
Comitê
O comitê existe desde 85 e se dedica à avaliação das instituições de ensino e não dos alunos.
Ele é ligado à Presidência da República e não tem poder de sanção. "Nós apenas fazemos um relatório em que apresentamos nossas conclusões de comunicações do comitê."
O comitê levou dez anos para avaliar as 110 universidades e instituições de ensino de nível superior que existem na França.
Ao defender as parcerias entre universidade e empresas nas avaliações, Staropoli afirma que "os futuros empregadores" dos alunos têm de ser ouvidos porque sabem qual o tipo de profissional que desejam.
"Não adianta formar um profissional de alto nível, que não consegue se empregar quando sai da universidade."
Ele considera que uma avaliação voltada para o mercado de trabalho é mais produtiva que a classificação das instituições em "rankings", por exemplo.
Para o secretário-geral, o Brasil conta com um sistema de avaliação bastante eficaz no nível de pós-graduação.
Recentemente, dois membros do comitê francês estiveram no Brasil para discutir o sistema com o governo brasileiro.
"Avaliar a pós-graduação é, talvez, mais importante do que avaliar os outros, porque ela forma a elite de um país."
Staropoli defende também a implantação de regras internacionais de avaliação dos cursos de pós-graduação.
Avaliação global
O Comitê Nacional de Avaliação da França tem por meta fazer uma avaliação global (quantitativa e qualitativa) das instituições.
Todos os aspectos são analisados: currículo, nível dos professores, condições das salas de aula, gerenciamento das subvenções, entre outros.
A análise é feita por uma equipe composta por membros do comitê e peritos convidados. Ela pode durar vários meses, dependendo do tamanho da universidade.
Com base no parecer da equipe, é montado um relatório encaminhado ao Ministério da Educação.
O relatório pode servir, por exemplo, como referência para a distribuição de verbas para as universidades, que são públicas em sua grande maioria.
O comitê é formado por 17 membros nomeados pelo presidente da República por um período de quatro anos.

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