São Paulo, domingo, 29 de junho de 1997
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Ativistas promovem ato hoje em Londres

PAULO HENRIQUE BRAGA
DE LONDRES

Um grupo de ativistas de Hong Kong faz hoje à tarde em Londres uma manifestação para exigir que a China mantenha as liberdades civis no território depois que ele passar para o seu controle.
O ato é organizado pela Campanha de Solidariedade Chinesa, grupo formado em 1989, após o massacre de estudantes na praça Tiananmen, em 1989.
A marcha vai passar pelas ruas de Chinatown, o bairro oriental da capital britânica.
"O povo de Hong Kong não pode acreditar na China", disse à Folha Stephen Ng, 45, secretário-geral do grupo pró-democracia.
Ng, que está fazendo doutorado sobre poesia de Hong Kong na Universidade de Londres, voltou ao Reino Unido há dois anos, depois de trabalhar como funcionário do departamento cultural do território.
Em 1989, após o massacre, Ng ficou cem dias acampado com outros ativistas em frente à embaixada chinesa em Londres.
Toda sua família vive em Hong Kong, mas ele preferiu estar em solo britânico para acompanhar a transição de poder. Por causa de sua militância, teme represálias.
"Enquanto houver muitos jornalistas em Hong Kong, não deve haver repressão. Mas depois de um ou dois anos, as vozes de discórdia serão silenciadas", afirma ele.
Ele lembra que as autoridades chinesas esperaram até a partida do ex-líder soviético Mikhail Gorbatchov de Pequim para reprimir os estudantes em Tiananmen.
Ng tem dúvidas de que a China vá respeitar a cláusula do acordo com o Reino Unido que determina que Pequim não vai interferir no sistema legal da ilha por 50 anos.
Muitos dissidentes chineses fugiram para Hong Kong depois da revolução comunista de 1949. Depois, o território abrigou vários remanescentes das manifestações de Tiananmen.
Membros do Legislativo provisório que vai substituir o Parlamento de Hong Kong já afirmaram que não permitirão que a ilha se torne uma "base de subversão". Apesar da desconfiança e de condenar o histórico de desrespeito aos direitos humanos na China, Ng diz ser favorável à devolução de Hong Kong e espera que a idéia de "um país, dois sistemas" dê certo.

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