São Paulo, domingo, 29 de junho de 1997
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Futuro governo chinês de Hong Kong diz que não vai reprimir população local

JAIME SPITZCOVSKY
ENVIADO ESPECIAL A HONG KONG

O futuro governador de Hong Kong, Tung Chee-hwa, designado por Pequim, declarou ontem que as tropas chinesas enviadas ao território não serão usadas para reprimir a população local. "Elas não podem fazer isso sem o meu consentimento", declarou Tung.
A partir da 0h de terça-feira, Hong Kong volta ao controle de Pequim depois de 156 anos de colonialismo britânico. Em 1984, a China e o Reino Unido acertaram a devolução, que ocorre sob a fórmula "um país, dois sistemas".
Segundo essa fórmula, Hong Kong poderá manter, durante 50 anos, seu sistema capitalista e um alto grau de autonomia administrativa. Pequim responderia apenas pela defesa e política externa do território.
Anteontem, a China anunciou que já às 6h00 de terça-feira, 4.000 militares chineses vão entrar em Hong Kong. A demonstração de força provocou reações negativas no território, porque as Forças Armadas chinesas têm, em Hong Kong, sua imagem associada ao massacre da praça Tiananmen.
Em 89, tropas chinesas atacaram manifestantes pró-democracia que ocupavam a praça em Pequim. Centenas de civis foram mortos.
Em Hong Kong, as tropas chinesas estão subordinadas a Pequim e encarregadas de defender o território de invasões de outros países. Na era pós-colonialismo, o governador de Hong Kong poderá pedir a Pequim o auxílio dos militares para "enfrentar situações de instabilidade no território".
O governo britânico criticou a iniciativa chinesa, dizendo lamentar "a escala do envio especial de tropas". Também a ex-primeira-ministra do Reino Unido, Margaret Thatcher, disparou contra a decisão de Pequim, afirmando que a China não "escolheu a maneira correta". Thatcher assinou o acordo de devolução do território.
Uma pesquisa da Universidade de Hong Kong mostrou que 63,7% dos entrevistados disseram estar "muito satisfeitos" com a administração britânica no território.
A China e o Reino Unido assinaram um acordo sobre a entrega dos arquivos do governo colonial de Hong Kong. Londres não vai passar a Pequim dados sobre dissidentes chineses que se refugiaram em Hong Kong ou informações militares importantes.
Dois pequenos protestos ocorreram ontem em Hong Kong. Dez integrantes de um movimento anticolonialismo queimaram uma bandeira britânica. Seis ativistas de pró-democracia fizeram uma manifestação em frente ao escritório de Tung Chee-hwa.

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