São Paulo, domingo, 29 de junho de 1997 |
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Estranho serviço
CLÓVIS ROSSI São Paulo - Repasso ao leitor indagações que são feitas na cúpula do PSDB, que, para quem já esqueceu, é o partido do presidente da República.Primeira indagação: por que o presidente é capaz de afrontar um governador como Mário Covas (ao abraçar-se a Paulo Maluf), mas é incapaz de afrontar um governador como Amazonino Mendes (PFL-AM)? Covas, afinal, pode ser acusado de tudo, menos de estar manchado por escândalos. Segunda indagação: por que o PFL faz o possível e o impossível para preservar não apenas Amazonino, mas também Orleir Cameli (sem partido-AC)? Afinal, o PFL expulsou, na lata, dois deputados envolvidos no escândalo da compra de votos. Teria, pela lógica, que expulsar também quem os comprou ou, ao menos, aparecia nas fitas como o comprador (Amazonino). Não só não o fez como insinua trazer Cameli para o partido. O que o partido ganha com isso? É dessa pergunta que nasce a terceira indagação que se faz no comando do partido que, repito, é o partido do presidente da República. É esta: será que o PFL não está apenas prestando um serviço, na forma de "comprar" o silêncio de Amazonino e Cameli, na investigação sobre o episódio da compra de votos? O que poderiam dizer os dois governadores? Não sei, mas deve ser um tremendo serviço, a ponto de o partido correr o risco de jogar pela janela a limpeza de imagem que está tentando promover, com a campanha "PFL é Brasil", "PFL-2000" etc. Se o Brasil e o ano 2000 brasileiro tiverem a cara de Amazonino e Cameli, é melhor pedir asilo no antigo Zaire. Se Amazonino conseguir, como tudo indica, a cabeça do chefe da Zona Franca de Manaus, indicado pelo então ministro do Planejamento, José Serra, talvez o PSDB se anime a fazer de público as indagações que agora apenas resmunga. Texto Anterior: SEM CENSURA Próximo Texto: O novo velho Real Índice |
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