São Paulo, domingo, 29 de junho de 1997
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O novo velho Real

ELIANE CANTANHÊDE

Brasília - Assim como os fundadores do PSDB, os pais do Plano Real também bateram asas do governo Fernando Henrique Cardoso. O Real faz três anos na terça-feira, mas a festa é dos políticos. Os técnicos estão em outra.
André Lara Resende foi um dos principais idealizadores do plano, mas nem estava mais no governo Itamar Franco quando o Real afogou o Cruzado e emergiu definitivamente.
Ele voltou para a iniciativa privada, no Banco Matrix.
Pérsio Arida participou do anúncio do plano em 94, assumiu a presidência da Banco Central no ano seguinte e não resistiu a uma disputa com seu antecessor, o ministro Pedro Malan, em torno da política cambial.
Saiu do governo para o Banco Opportunity.
Edmar Bacha foi até cotado para a Fazenda na formação da equipe do presidente eleito FHC, mas preferiu sua praia: o Rio de Janeiro. Foi presidente do BNDES, mas também mudou de barraca.
Ele tem prontinho um plano para reduzir drasticamente o número de ministérios e órgãos, nunca pôde colocá-lo em prática. Foi para o BBA.
O único dos economistas da linha de frente do plano a continuar no governo é Gustavo Franco, diretor do BC. Ele, porém, foi menos um formulador e mais um sistematizador de idéias. É, também, o menos político dos quatro.
Fernando Henrique foi o ministro da Fazenda que convenceu Itamar e bancou politicamente um plano que para alguns parecia maluquice.
Mas FHC já era candidato em julho de 94. Quem anunciou o Real, com seu jeitão meio carola e aquele ar de credibilidade, foi o embaixador Rubens Ricupero.
Também ele está longe, num organismo internacional, purgando o pecado de falar demais -e ao vivo.
Se Pérsio, André e Bacha tivessem ficado, talvez dessem uma pitada a mais de ousadia ao governo.
Mesmo assim, a última pesquisa Datafolha acaba de colher 74% de aprovação ao Real. Três anos depois, ele pode não ser mais a mesma Brastemp eleitoral de 94, mas continua dando pro gasto.

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