São Paulo, domingo, 29 de junho de 1997
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Brasil urgente: reformar para progredir!

ANTONIO ERMÍRIO DE MORAES

Segundo os estudos da Fipe, só em 1996, o Brasil perdeu US$ 82 bilhões por não ter realizado as reformas administrativa, previdenciária e tributária. É um número estarrecedor: 11% do PIB. Cumulativamente, perdemos cerca de US$ 250 bilhões desde que se começou falar em reforma, em 1993.
Sem elas, o Brasil está deixando de criar quase 2 milhões de empregos por ano. Esse é o tamanho do estrago.
Fazendo esses cálculos com o meu amigo Matias, produtor agrícola de grande praticidade, ele saiu com esta: "Que tal enviarmos aos nossos governantes a monumental conta de US$ 250 bilhões por conta da inanição e inércia?"
As justificativas para a protelação das reformas são as mais variadas. Mas, por trás, parece estar o medo das urnas. A maioria dos políticos pensa conseguir mais votos não fazendo as reformas. Isso está errado.
Afinal, a vida do eleitor está atrelada ao seu emprego e ao sucesso das empresas que, por sua vez, depende de um ambiente mais favorável para competir -o que exige reformas.
A intensificação da competição é um fato -não é brincadeira. E as empresas se apavoram ao perceber que a sua dificuldade de competir decorre basicamente de fatores extra-empresariais como a exagerada taxa de juros, o estratosférico custo do transporte, dos portos, da burocracia e, sobretudo, de um governo fragilizado devido a um sistema previdenciário ultrapassado e uma máquina pública engessada.
Devido a isso, o Estado perdeu sua capacidade de investir em energia, estradas, comunicações, educação, saúde e tantas outras áreas que são básicas para o crescimento do país e cuja falta é mortal para a competitividade, empregos e distribuição de renda.
Os políticos verdadeiramente interessados em melhorar a vida de seus eleitores e de seus filhos sabem que seus empregos estão em risco se nada for feito. Por isso, seria útil começarmos a pensar em colocar a próxima campanha eleitoral dentro desse contexto.
O povo precisa ser bem esclarecido sobre as verdadeiras necessidades das reformas para poder rejeitar nas urnas os políticos que as bloqueiam e repudiar os que as pregam por pura demagogia, nada tendo realizado em seu favor.
O país precisa dar continuidade à grande cruzada pedagógica iniciada na última semana, com base nos estudos citados, para, com isso, mostrar aos eleitores quem é sincero e quem é aproveitador na defesa dos seus verdadeiros interesses -em especial, dos empregos desta e da próxima geração.
Só as reformas podem dar o fundamento para pensar em um Brasil forte. O resto é ilusionismo barato que precisa ser desmistificado perante os 100 milhões de eleitores. Essa é uma missão que cabe a quem coloca o futuro das novas gerações na frente do imediatismo das próximas eleições.
O povo precisa saber quem está bloqueando o seu progresso e os números estão disponíveis. Chegou a hora de arregaçarmos as mangas e sair a campo.

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