São Paulo, segunda-feira, 30 de junho de 1997 |
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Trio de ouro da Argentina merece a taça
ALBERTO HELENA JR.
Não que os argentinos tenham sido beneficiados por irregularidades ou careçam de futebol para seguir em frente no torneio. Ao contrário: sob a batuta desse garoto de ouro, Riquelme, merecem mesmo meter a mão na taça. Mas o Brasil, esse Brasil que distribuiu 10 pra cá, 10 pra lá, teve o domínio da bola e dos espaços por mais de 3/4 da partida. Só no primeiro tempo, já poderia ter virado com 5 a 0, sem maiores problemas. Mas, já quando faltavam uns dez minutos para o fim do jogo, entrou em campo a mística da camisa azul e branco: numa bola recolhida na zona morta, lá na ponta-direita, Scaloni, deu duas bandas em Athirson, incorporou o lendário uruguaio Gigghia e meteu o gol que nos desfibrou de vez. O segundo gol foi apenas o golpe fatal e já inevitável, quando o juiz se preparava para pôr fim a mais esta injustiça do destino. * Cambirasso, Aimar e Riquelme, eis um trio de ouro argentino que ainda vai dar muito o que falar. Sobretudo, Riquelme, capitão e dono do time, titular do Boca. Meia-direita, camisa 8, joga com a elegância e a inteligência dos grandes organizadores de meio-campo do passado. Meu guru para assuntos portenhos, o jornalista Roberto Petri, prefere comparar seu estilo ao de um Nestor Pipo Rossi, ou, mais recentemente, um Pastoriza. Acato e respeito. Mas, algo naquela energia contida e imantada de Riquelme lembra-me mais o nosso eterno Ademir da Guia, por quem a bola sempre tinha de passar, indo ou vindo, para receber instruções sobre seu melhor destino. * O melhor comentário sobre a disputa do título mundial dos pesados veio daquela moça de voz grossa que fazia os sorteios de carros na Rede Globo: "Tyson pirou". Só pode ser. Incapaz de livrar-se da tática bate-e-agarra de Hollyfield e irritado com a cabeçada que lhe abriu o supercílio direito, Tyson simplesmente pirou. E, no terceiro assalto, como se voltasse às ruas do Brooklyn, deu duas mordidas vampirescas no adversário e foi desclassificado. Como já anda dizendo o povo nas ruas, agora não é mais "Iron" Tyson. É Tyson, o Chupa-Cabra. * O Flamengo, que sábado goleou o Vitória em plena Fonte Nova, classificando-se para a sexta disputa de título da temporada, parece ter retomado sua primitiva vocação: a de revelar seus próprios ídolos, seja promovendo-os das categorias inferiores, seja colhendo-os ainda flor-em-botão por esses brasís afora. Tem sido assim desde Zizinho até Zico, passando pelos meninos do Feiticeiro Solich -Zagallo, Gérson, Dida, Henrique, Índio, Evaristo, etc... Isso, sem falar nos craques que o Flamengo andou espalhando por aí muito recentemente, como Marcelinho, Djalminha, Leonardo e Marquinhos, por exemplo. Moral da história: como dizia vovó, não se deve contrariar a própria natureza. Texto Anterior: Zagallo diz que vetou Romário Próximo Texto: A hora da verdade Índice |
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