São Paulo, segunda-feira, 30 de junho de 1997
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Julianne Moore inicia escalada do sucess

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ADRIANE GRAU
ESPECIAL PARA A FOLHA, EM LOS ANGELES

"O Mundo Perdido" é a primeira superprodução protagonizada pela atriz que ficou conhecida em "Short Cuts"

Quando o diretor Robert Altman ligou para Julianne Moore com um convite para participar de seu filme "Short Cuts - Cenas da Vida", foi logo avisando que haveria uma cena em que ela apareceria vestindo apenas uma blusa curta.
"Tinha tanta vontade de trabalhar com ele que fui logo respondendo que aceitava", conta ela.
Desde que se tornou símbolo sexual pela famosa cena em que revela ruivos pêlos pubianos, a menina nascida em Boston e educada na Alemanha marcou presença também em "Tio Vânia em Nova York", "Nove Meses" e "O Fugitivo".
Agora, sua carreira promete deslanchar de vez por conta de seu papel em "O Mundo Perdido - Jurassic Park", em que interpreta a paleontóloga Sarah Harding. O filme está em cartaz no Brasil desde o dia 19 deste mês.
Revelando-se apaixonada pelo diretor estreante Bart Freudilich, que conheceu protagonizando "The Myth of Fingerprints", ela afirma que quer ter filhos em breve e que a fama não mudou em nada seu pacato cotidiano.
Leia a seguir trechos da entrevista que a atriz Julianne Moore concedeu à Folha no set de "O Mundo Perdido".
*
Folha - Você participou de vários filmes independentes e "O Mundo Perdido" é sua primeira superprodução. Como foi a experiência de fazer um filme que gerou tantas expectativas de sucesso?
Julianne Moore - Foi legal estar num filme de verdade, que é todo inventado, que tem criaturas gigantes. Acho que todos nós temos fascínio pelos dinossauros porque eles são como dragões. Só podemos supor como eles são.
Folha - Você se sente atraída por filmes de aventura?
Moore - Eu sempre gostei de histórias de terror. Mas não gostava de filmes com monstros quando era criança e sim de uma série de TV chamada 'Dark Shadows', com bruxas. Tudo que tivesse um fantasma eu gostava.
Folha - Sua personagem Sarah Harding é destemida e corajosa. Você também é assim?
Moore - O roteirista David Koepp queria que ela fosse aventureira e interessada em sua carreira. Mas ela não tem medo de nada, enquanto eu só tomo riscos em minha profissão, o que é bem seguro. Na vida real sou muito medrosa.
Folha - Ela também é muito ativa. Como você se preparou fisicamente para o papel?
Moore - Fiz exercícios para os braços, onde não tinha muita força. Correr com Jeff Goldblum, por exemplo, era difícil, pois ele é bem mais alto e tem pernas mais compridas.
Para fazer a cena em que despencamos do abismo, ficamos pendurados como uma fieira de alhos por três semanas. Ainda por cima, a produção jogava água na gente o tempo todo.
Folha - Na cena em que você está sobre uma janela que vai rachando aos poucos, novamente em "O Mundo Perdido", seu medo parece convencer a platéia muito bem. Mas sabemos que você não estava sobre um abismo de verdade, e sim num quarto pintado de verde. Como você fez para extrair uma performance tão intensa?
Moore - Na verdade eu estava numa poça d'água o tempo todo, morrendo de frio. Steve dizia onde as rachaduras estavam acontecendo e eu ia reagindo. É como estar num palco sem cenário.
Folha - Participar de um blockbuster como este filme torna mais difícil sair de casa, já que as pessoas lhe reconhecem mais?
Moore - Quando você é um ator, as pessoas sempre dizem que um filme vai mudar sua vida.
Nada muda sua vida. Mas percebo que se um filme meu passa na HBO naquela semana, fica um pouquinho mais complicado sair de casa.
Folha - Foi difícil ficar nua na frente da câmera em "Short Cuts - Cenas da Vida"?
Moore - Acho que Altman fez aquilo por um motivo específico, que era comunicar visualmente um aspecto da história. Mas acho que era bem chocante e incomum, e que por isso as pessoas não esquecem. Também não viram muitas outras cenas do gênero no cinema. Mas quando eu faço algo assim é por que faz parte da história.
Folha - No seu próximo filme você também aparece nua?
Moore - Sim, pois 'Boogie Nights' revela os bastidores dos filmes pornôs dos anos 70 e eu faço uma prostituta. Mas no novo filme dos irmãos Cohen, 'The Big Lebowski', interpreto uma pintora, que é o que fazia em "Short Cuts - Cenas da Vida".

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