São Paulo, segunda-feira, 30 de junho de 1997 |
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O risinho do dr. Silvana
CARLOS HEITOR CONY Rio de Janeiro - O governo pretende encurtar o tempo dedicado à próxima campanha eleitoral. É mais uma esperteza do grupo que está e deseja se eternizar no poder. Diminuindo os horários nas TVs e rádios, haverá menos tempo para a oposição botar os podres do governo para fora. E os governantes que tentarão se reeleger terão a permanente vitrine do próprio poder.Trata-se de mais uma agressão ao processo democrático brasileiro. De todas as reformas de que o país necessita, as duas mais necessárias e urgentes são a agrária e a eleitoral. Nunca serão feitas -pelo menos enquanto prevalecer o atual esquema de sustentação política de FHC. Basta citar a pulverização do eleitorado em mais de uma dezena de partidos e a vergonhosa rotina dos financiamentos, calamidades que tornam ridícula a eleição e suspeita qualquer campanha. O empenho do presidente em se reeleger encontra agora o corolário indispensável a seu deplorável continuísmo. Terá o tempo de exposição que quiser na mídia. A venerável barba do Enéas terá migalhas de visibilidade. Outro barbudo, o Lula, perderá seu principal palanque -e assim como Lula e Enéas, todos os demais candidatos (em todos os níveis) terão menos oportunidades de chegar ao eleitorado. Enquanto isso, o dr. Silvana de plantão dará aquele risinho (hi hi hi) e ocupará TV, rádio e imprensa diariamente, com deslumbrada corte de arautos a proclamar suas virtudes e feitos. Por essas e outras, levo a sério a ameaça de Sérgio Motta de ficar no poder 20 anos. Golpes banais como esse, sem inteligência, apenas com grosseira falta de escrúpulo moral, pretendem eternizar o dr. Silvana -que amanhã pode até ser um outro, mas terá sempre o mesmo risinho inútil e grotesco: hi hi hi. Texto Anterior: Mike Tyson e Santa Catarina Próximo Texto: A síndrome de Liz Taylor Índice |
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